05/07/2017

RESENHA: Roça'n'Roll: 19 anos de mueção

Mais um ano, mais um Roça'n'Roll. Desta vez com notícias de que esta seria a última edição do evento na Fazenda Estrela, pois a mesma seria desapropriada para a construção de uma hidrelétrica (fato que viria a ser esclarecido e minimizado durante o festival).Novamente, uma legião de “bangers” vindo de várias partes do país, como Rio, São Paulo, interior de Minas e até alguns que se aventuraram a ir à Varginha de carona. Havia um temor de que esta edição tivesse poucos frequentadores, pois a atração que viria a ser a principal, o Moonspell, cancelou sua turnê devido problemas com a agência que intermediava as negociações com produtores locais, inclusive, alguns destes chegaram a ter prejuízo financeiro. Mesmo com um número um pouco menor em relação ao ano passado, um bom número de pessoas compareceu, o que nesse sentido foi muito bom.

   Iniciando os trabalhos, a banda Uncurse veio mostrando sua mistura de Thrash com Death Metal, mesclando sons próprios com covers de Sepultura. Era visível a timidez dos caras frente à um público ainda pequeno, mas não deixaram se abater e fizeram um bom show, mostrando que têm potencial.
    No outro palco tivemos os santistas Surra, com seu crossover para lá de energético e furioso. Mesmo ainda com pouco público, mas com mais gente que a banda anterior, eles deram uma chuva de canções rápidas e diretas, de cunho extremamente politizado e lotado de críticas sociais como “Tamo Na Merda”, “Pau No cu do Capitalismo” (cover do D.F.C) dentre outras que só os nomes já denunciaram a que vieram. Além disso, sempre faziam discursos sobre política e liberdade   dentro do underground.Um exemplo a ser seguido, eu diria.
     Na sequência, uma banda veterana já chegou 'regaçando'. Formada em 1984, o Lobotomia, mesmo formada por integrantes mais velhos, os caras não deixaram a peteca cair e inundaram os ouvidos dos presentes com seu som de difícil rotulação, mas que caminha entre o hardcore, punk, thrash e crossover, deixou o pessoal ainda mais animado. Com uma formação que sempre teve os mesmos integrantes, Caio [Vocal Adherbal [Guitarra]Grego [Bateria] Alfredo [Baixo] foi um show bastante peado, e era nítida a "atualizada' do som da banda, mesmo mantendo suas origens. Mesmo os sons mais antigos do álbum autointitulado até o últimoplay, Desastre,foram executadas com a mesma fúria. 
       De volta ao outro palco, tivemos o Scourge de Uberlândia, banda de Death Metal já conhecida dos bangers mineiros pelo seu Death Metal old school, que em muito lembra as primeiras bandas mineiras de Metal Extremo. Tocaram sons de seus álbuns ... On the sin, Death, Lust, and Hae e do mais recente, Hate Metal. Uma pena terem sido prejudicados pelo técnico de som, principalmente do P.A, que fez com que o som soasse um tanto embolado, não permitindo que o público tivesse uma experiência plena do som da banda. 
    Um ato a ser mencionado foi a Tenda Combate. Bandas muito boas se apresentaram lá, mas uma em questão merece uma menção honrosa, Apple Sin, banda de Heavy Metal Tradicional, que fez um show tão intenso que um grande número e pessoas se dirigiu à tenda para vê-los. Músicas bem pesadas e bem executadas como Sea Of Sorrow, Fire Star e Raodie Metal (tema de programa homônimo). Todos os músicos tocaram muito bem, mesmo com o equipamento de som visivelmente mais humilde que dos palcos principais, mas isso não os abalou nem um pouco. Destaque para vocalista, que tem um timbre que lembra Bruce Dickinson. Ao fim do show, tocaram Night Crawler, do Judas Priest, levando o público, que já estava extasiado com a banda, ao delírio. Sinceramente, acho que a banda deveria e merecia ter tocado nos palcos grandes, pois tinha potencial para isso, sem dúvida alguma.
          Voltando aos palcos principais, foi a vez da  Aneurose, que já havia tocado no festival em 2013 e acabara de voltar de uma turnê na Europa. Estavam muito mais entrosados, além de conseguiram fazer o público, que a essa altura já estava em bom número, agitar muito com seu Thrash Metal de pegada mais moderna. Tocaram bastante músicas de seus dois plays, mas deram preferência para o mais recente, Juggernaut. Ao fim do show, fizeram uma versão de Roots Boody Roots, do Sepultura, que foi muito bem recebida pela galera. 
Outra coisa a ser mencionada no festival, além da música em si, foi a presença do grupo Ordo DraconisBeli, fazendo performances de lutas medievais, tiro com arco e flecha e técnicas de forjaria de armas daquele período. O Roça 'N Roll tem essa característica de não se focar apenas na música, e trazer também ouros tipos de atração que costumam agradar o público do festival.
       A seguir, foi a vez do Lothlöryen, banda veterana do festival e que faz uma mistura muito particular  de Metal, música folclórica européia, a literatura de Tolkken, num show deveras singular. Mandando sons de todas fases a banda, com bastante precisão, técnica, além dos vocais graves e cheios de drive do vocalista  Daniel Felipe. Também foi anunciado que este show, onde estavam sendo comemorados os 15 anos da banda e que este show estaria sendo gravado. 
       Logo após foi a vez de uma das bandas mais esperadas do festival, Project 46, banda que agrada principalmente os mais jovens, com seu Metalcore. Além de terem tocado o novo single, Febre, tocaram músicas bem conhecidas do público da banda, como Erro+55, Foda-se, Desordem e Progresso. Destaca-se a presença de palco dos caras e o quanto conseguira fazer a galera agitar, com direito até a Wall Of Death.
        Em seguida, sem muita espera, iniciava-se o show da prata de casa, o Tuatha de Danann. Iniciando com The Dance of the Little Ones, além de clássicos como The Last Words, Belive:It's True, Tang Pinga Ra Tan. Após eles tocarem eles convidaram Martin Wartin Walkier, chamado por muitos e até por si mesmo de "cachaceiro inglês".Executaram uma boa quantidade de músicas do Skyclad banda seminal para o Folk Metal com estaque para Spinning Jenny.
       Assim que finalizou o show do Tuatha, uma lenda retornada à Varginha depois de 25 anos, o Overdose. Com uma formação que tem apenas o vocalista Bozó e Cláudio David. Iniciaram o show quebrando tudo, com Rio, Porrada e Samba No morro/Street Law. A banda nem parecia ter ficado tanto tempo parada, pois o vocalista bozó estava cantando de forma correta, considerando sua idade e tempo parado, demonstrando um carisma e bom humor fora do comum, nem os problemas técnicos, principalmente com o amplificador do guitarrista Claudio David, impediu o show. Foi marcante ver “tiozões” em frente ao palco, vibrando. Principalmente quando tocaram Zombie Factoty. O ápice foi quando tocaram Ultima Estrela onde, além, de vibrarem muito, teve gente até chorando de alegria por ver uma banda lendária como o Overdose.
Miasthenia se apresentou por volta das 23h, o show marcava o inicio da turnê de divulgação do album Antípodas, quem diz que o black metal não é um gênero que causa euforia no publico, definitivamente não estava presente no Roça n' Roll desse ano, pois o público foi a loucura cantando suas consagradas músicas como Taqui Ongo e Entronizados da Morte, e apresentando músicas novas como Ossário, o Miasthenia deixou a sua marca na edição deste ano. O setlist da banda foi reduzido, apenas seis musicas, uma grande pena, pois é uma banda com uma atmosfera mística muito forte e letras deveras interessantes, até para os que não apreciam Black Metal.
        Ao final do show do Miasthenia e depois de uma longa passagem de som e montagem de bateria (algo que achei estranho visto que a mesma já estava montada há muito tempo) começou o show do Andre Matos, com sua banda solo, desta vez tocado o álbum Holy Land, de sua ex - banda, o Angra, na íntegra. Começando com NothingToSay já era perceptível um André meio cansado e semitonando em algumas partes. Nada que comprometesse a apresentação, mas era um detalhe bem perceptível o set do disco cantando bem, dando umas escorregadas, mas no geral, cantando bem. Curiosamente, durante as músicas, ele não se comunicou muito com o público, talvez pelo tempo reduzido da apresentação. Com uma banda de a poio muito eficiente e com uma boa dose de peso e técnica, não foram as semitonadas dele que tiraram o brilho do show. Ao final, ele mandou aquele que talvez seja o maior hino do Power Metal brasileiro, CarryOn, que foi cantada a plenos pulmões pelo público.
        No palco seguinte foia vez da apresentação mais polêmica: o Supla. Apesar de ser conhecido por muitos por ter participado de programas de TV e até virar meme na internet recentemente, ele é um veterano do Rock nacional, e fez um show muito bom, tocando desde sons dos tempos de Tokyo, como Garota de Berlim, ou mesmo sons mais novos como Extremistas Fundamentalistas e até covers como Pet Cemetery dos Ramones. Durante as músicas, eram soltas várias vinhetas que tornaram o show muito divertido, além de os músicos que o acompanharam terem tocado tudo com uma pegada mais pesada, dentro das possibilidades, claro. Um show que todo mundo devia ver.
      Depois do Supla, foi a vez do mais audacioso projeto musical do brasil atualmente, o Soulspell. Contando com ótimos músicos e uma grande quantidade de vocalistas, o palco até parecia pequeno para tanta gente. Abriram com The Second Big Bang, faixa titulo do novo disco, que acabou sendo o foco do show, tocando sons como Dungeons And Dragons e Father And Son. Também tocaram músicas de outros álbuns como Adrift, Te DeadTree e encerraram com A Secret Compartent. Foi um espetáculo.
       Muita gente acabou indo embora e perdeu o showzaço da lendária Salário Mínimo, que fez um show enérgicoe poderoso, começando com Delírio Estelar, Dama da Noite, Beijo Fatal e outros clássicos.
Já quase no final, e já com poucas pessoas, a banda New Democracy sobe ao palco tocando um Metal moderno feito com bastante competência mesmo diante de um frio de rachar e o pouco púbico.
      Mais uma vez o saldo foi positivo, pois mesmo tendo menos púbico que no ano anterior, o pessoal aproveitou bem as atrações e esperamos que ano que vem tenha mais.
      LONG LIVE ROÇA ROÇA'N'ROLL





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