30/11/2017
ENTREVISTA: Oaklore (Brasil)
Foto Oficial: Oaklore |
A música Folk, em geral, desperta nas pessoas diversos
sentimentos. Com uma abrangência muito grande em temática, melodias e letras,
as vertentes da música Folk, como Celtic, Viking, Folk Metal, Folk Rock, e
tantas outras, são capazes de nos passar conhecimento sobre culturas, povos,
crenças e muito mais, das quais talvez jamais teríamos acesso sem a música.
Temos muitas bandas em cenário mundial, porém, grandes
bandas surgem em solo nacional, sem que as pessoas tenham oportunidade de
conhecer. E hoje, trago para vocês uma dessas excelentes bandas que recentemente
tive oportunidade de escutar, a banda Oaklore.
A banda tem como proposta trazer ao público a temática
e a musicalidade Medieval. Em suas músicas, além de grandes melodias já
conhecidas, também trazem suas próprias criações, baseadas no mundo fantástico,
seja de filmes, histórias, livros e até mesmo jogos épicos. O grupo utiliza de
instrumentos convencionais como violões, percussão e flautas, mas também de
instrumentos típicos, tais como bouzouki, bandolim e outros. Através da
incrível voz de Aline Polisello, a música de Oaklore nos remetes a grandes
cenas épicas que poderiam ser incluídas como trilha sonora de grandes filmes
épicos.
Confira na íntegra esta entrevista exclusiva!
EC: Agradeço a Oaklore por responderem as perguntas do
Elegia e Canto, e gostaria de
iniciar perguntando o que motivou, ou seja, quais
inspirações instigaram vocês a embarcarem no mundo de músicas Folk/Medieval?
Foto Oficial: Oaklore |
Oaklore: Cada integrante tem sua
motivação
e inspiração
individual. Mas como um grupo, podemos dizer que somos todos muito ligados à música
- que formou a base da nossa amizade - e as histórias,
principalmente fantásticas.
A princípio,
o que nos inspirou foram mesmo as histórias.
De livros, de jogos e das próprias
músicas. Gostamos muito de
mitologia, filosofia, fantasia. Gostamos de jogos de RPG, de criar aventuras e
personagens. Encontramos um pouco de tudo isso nas diversas variações de músicas
Folk. E a ambientação
de muitas histórias,
principalmente no RPG, é
de inspiração
medieval. É
como a época
medieval em um universo de magia. E é
pela ideia da ambientação
que também
cabe no nosso projeto muita música
instrumental, pois elas trilham os acontecimentos - e também carregam suas próprias histórias.
Começamos com a ideia de reproduzir temas de jogos
que tivessem essa ambientação
medieval e ao mesmo tempo mágica.
Agora interpretamos tudo o que tem relação
com esse (s) universo (s) e buscamos também
musicalizar outras histórias,
reais ou fantásticas,
além das criadas por nós mesmos.
EC: O Folk, em todas as
suas vertentes, tem crescido consideravelmente no Brasil, não só
atraindo bandas estrangeiras, como também
novas bandas vem surgindo no país.
A Oaklore também
vem nesta onda da ascensão
do estilo no país?
Como os integrantes da banda se conheceram?
Oaklore: É bem provável que essa ascensão tenha nos influenciado mesmo que de forma
indireta, pois somos também
consumidores. Consumimos e apreciamos os sons dessas bandas (velhas e novas) e
os filmes, livros, séries
e jogos que tratam o tema - e isso só é
possível porque eles
existem, e porque estão
em ascensão.
Mas surgimos na perspectiva oposta, pois quando
tivemos a ideia da banda, nós
queríamos simplesmente
fazer aquilo que a gente gosta independentemente do custo dessa escolha, então nós nos sentíamos nadando contra
a corrente, e não
pegando alguma onda.
A
Aline e o Chamy se conheceram na adolescência,
há mais de 10 anos. Eles se
aproximaram através
da música, pois compartilhavam o
mesmo gosto musical. A Aline era pianista e cantora, o Chamy era guitarrista.
Desde essa época,
eles vêm
formando projetos musicais juntos. Quando o Chamy entrou na faculdade de música, ele conheceu lá o Gustavo, também
guitarrista, e então
tornaram-se amigos. Gustavo e Aruan são
amigos desde a infância
e hoje trabalham juntos como luthiers na AMG Luthieria. Todos se juntaram por
conta da ideia da banda, que foi possível
por compartilharmos as mesmas ideias e interesses.
EC: A temática épica é
algo vivamente presente nas vertentes da música
Folk. Quais as temáticas
regem as letras e melodias da Oaklore?
Logo Oficial |
Oaklore: Assim como
em aventuras de RPG, também falamos
nas nossas músicas sobre aventuras e
batalhas que envolvem guerreiros, monstros e criaturas mágicas, e nos inspiramos em várias histórias mitológicas..., mas
também exploramos temas
existencialistas e falamos sobre o tempo, a vida, o universo e o mundo dos
sonhos. Nossas letras de inspiração medieval
trazem a perspectiva da condição humana e
questionamentos que, na época,
levariam pessoas à fogueira.
EC: A proposta musical da Oaklore exige um conhecimento instrumental bem vasto,
pois os instrumentos para este tipo de som vai além
do convencional. Vocês
já dominavam instrumentos tais
como bouzouki, escaleta, tambor xamânico
e outros, ou o interesse veio com a ideia da formação do grupo?
Oaklore: Já conhecíamos
todos os instrumentos que utilizamos na banda por conta da nossa curiosidade
por diversas culturas e diferentes instrumentos. Mas com certeza é através
deste projeto que estamos nos aprimorando e tendo a oportunidade de explora-los
melhor. E pretendemos inserir cada vez mais instrumentos no decorrer da nossa
jornada. Na verdade, a banda é
composta por 3 guitarristas e uma pianista profissionais. Mas fazemos de tudo
na banda. Todos cantam, todos tocam violão.
Um dos guitarristas se aventurou em ser percussionista, e a pianista aprendeu
de forma autodidata a tocar flauta transversal, isso antes do projeto. Flauta
doce todo mundo explora. A escaleta foi simples porque é o conceito do piano, até mais fácil.
O bouzouki é
por conta da facilidade de um dos guitarristas em lidar com instrumentos de
corda.
EC: Vivemos em um tempo onde a música
nacional vem dando lugar ao interesse comercial, deixando a qualidade de som,
letra e melodia cada vez pior. Como é
para vocês
trabalharem no Brasil com um estilo que tem como característica principal abordar, de forma tão rica e vívida,
culturas tão
cheias de informação?
Oaklore: Para nós está
sendo bem interessante, pois nossa preocupação
maior era nos expressarmos da forma que nos identificamos musicalmente,
interpretando aquilo que admiramos ou que criamos, tudo isso no meio de toda
essa diversidade musical. E então,
começamos a encontrar muitas
oportunidades interessantes para levar as músicas
que gostamos para as pessoas. Estão
surgindo novas casas com a temática
medieval, novos festivais e estamos lidando com um público bastante receptivo e apreciador do estilo.
Recebemos mensagens muito bonitas de admiração
de pessoas que não
conheciam o estilo, ou que costumam gostar de coisas completamente diferentes,
e isso nos motiva mais ainda a seguir.
EC: Aproveitando o gancho da pergunta anterior, dá
para viver de música
neste país,
entregando ao público
som de qualidade e rico em cultura?
Oaklore: Todos os integrantes vivem
do universo musical de alguma forma. Há
luthiers, professores de música,
e cada integrante tem os seus projetos paralelos. Não que seja tudo exatamente fácil, mas achamos muito importante vivermos de
acordo com aquilo que acreditamos e fazermos aquilo que a gente ama. E
acreditamos que um trabalho de qualidade sempre vai acolher um número considerável
de público, e esse pode ser um caminho
para mais pessoas apreciarem nossas músicas.
EC: Vocês iniciaram a trajetória musical com a Oaklore recentemente, mas até onde imaginam ou almejam chegar?
Oaklore: Nossa meta é apresentar um trabalho bem feito e sermos
reconhecidos por esse trabalho. Queremos reviver canções antigas, levando o público a vivenciar outras épocas e culturas, e queremos poder ter a
oportunidade de mostrar as nossas criações.
EC: Vocês já participaram de grandes eventos ou shows pelo Brasil? Onde a Oaklore tem mais ambição em tocar?
Oaklore: Além das casas de shows especializadas na temática medieval participamos de eventos de
pequeno e médio
porte na capital e no interior paulista. Mas estamos felizes em ver que os
festivais têm
aumentado no Brasil e, com certeza contamos e esperamos fazer parte do cast dos
grandes festivais como o Jantar Medieval da Ordo Draconis Belli, Thorhammer
Fest, Medieval SC, entre outros. E quem sabe um convite nos festivais no
exterior, não
é?
EC: O que podemos esperar da Oaklore em termos de EP’s
ou mesmo álbuns
completos? Há
pretensão
para logo breve termos um material gravado da banda?
Oaklore: Sim, estamos trabalhando na
composição
do material autoral nesse momento usando alguns poemas antigos de trovadores e
algumas letras nossas. Queremos dar início
a produção
do álbum no começo de 2018. Ainda não decidimos se lançaremos um EP ou um disco completo, mas com
certeza teremos novidades no ano que vem.
EC: Bom, novamente gostaria de agradecer, em nome da Equipe EC, por nos ceder esta
entrevista exclusiva. Aproveito e peço
para que deixem uma mensagem para nossos leitores, que agora podem conhecer um
pouco mais sobre a banda!
Oaklore: Queremos agradecer
imensamente a Equipe da Elegia e Canto por esse espaço que temos para chegar ao público da boa música
Folk/medieval. Agradecemos a todos que já
nos apoiam nesse projeto e pelas mensagens que recebemos de muitas pessoas
parabenizando nosso trabalho. Para quem ainda não
conhece a Oaklore, não
deixe de nos acompanhar através
das redes sociais e conferir nosso trabalho. E gostaríamos de parabenizar o Elegia e Canto por esse
trabalho de apoio às
bandas que é
muito importante para os músicos
e para o público.