Poucas bandas conseguem, em seu álbum de estreia, deixar uma marca tão forte no cenário do metal moderno quanto a Noumenia. Com uma mistura de post-groove metal, modern metalcore e elementos de modern metal, o grupo italiano mostra que não tem medo de experimentar, transbordar emoções e oferecer um som que atinge em cheio no rosto, na mente, no coração e até na espinha.

Formada no final de 2018 por Matteo Campagnoli (baixo), Matteo Radaelli (guitarra) e Samuele Zichi (bateria), a Noumenia nasceu inicialmente como um projeto instrumental. Mas foi apenas com a entrada da vocalista Vivian Nigro que a identidade da banda encontrou corpo, voz e propósito. E que voz! Vivian entrega um registro vocal carregado de texturas, alternando entre o peso visceral e nuances melódicas que criam profundidade emocional nas músicas.

O álbum Echoes, lançado em 27 de junho de 2025 pela Eclipse Records, foi produzido por Richard Meiz (Lacuna Coil, Genus Ordinis Dei) e mixado/masterizado por Daniele Salomone (Inverno, Lacuna Coil). Ou seja, a qualidade sonora está no nível mais alto, cristalina quando precisa ser, mas brutalmente densa quando explode.

A força de Echoes

Dizer que Echoes é apenas um álbum de estreia seria injusto. Este é um manifesto de identidade, umtrabalho que não se contenta em repetir fórmulas. A Noumenia traz um metal cheio de groove, riffs de guitarra ricos, baixos pulsantes e bateria explosiva. Mas o que chama mais atenção é como tudo isso se conecta a letras significativas, que não ficam em segundo plano como acontece com muitas bandas.

Enquanto algumas formações usam palavras apenas como ornamento para o ritmo, aqui o peso está também no conteúdo lírico: raiva, desespero, empatia e esperança convivem em um espaço paradoxal, mostrando que o metal pode ser brutal sem deixar de ser poético.

A proposta do álbum é clara: mergulhar nas sombras da existência humana e, ao mesmo tempo, encontrar pequenos raios de luz que nos lembram de continuar lutando.

Faixas de destaque

“The Circle”

A faixa abre um portal para a filosofia da banda: “tudo que vai, volta”.

Com um groove carregado e riffs de guitarra tão pesados quanto bombas nucleares, a música entrega um dos momentos mais intensos do álbum. O destaque é a forma como ela mistura peso com passagens quase funkeadas, criando um balanço viciante. Essa faixa já nasce como favorita para os palcos.

“Fall Apart”

Começa suave, com vocais melódicos quase etéreos de Vivian Nigro, mas não demora a se transformar em uma parede sonora. A explosão é devastadora, com guitarras em avalanche e uma linha de bateria que parece socar o peito do ouvinte. A letra é um chamado à libertação:

“Desate a corda que sufoca seu coração.”

Um hino para quem já se sentiu aprisionado por dentro e uma das faixas mais emocionais do álbum.

 “Black Ocean”

Aqui a banda mergulha em uma atmosfera de terror futurista. A sensação é de que os sistemas sociais e existenciais estão em colapso, e a música traduz isso em peso e desespero. A profecia sombria ecoa:

“Afundo profundamente, me afogo profundamente.”

Mas, ao mesmo tempo, surge uma centelha de esperança no refrão:

“Fique comigo até o sol beijar o horizonte / Navegue comigo pelas ondas do infinito.”

Essa dualidade a escuridão e a luz mostra a maturidade da banda em construir narrativas complexas dentro de sua sonoridade.

Entre sombras e luz: o conceito lírico

A Noumenia não se limita ao peso instrumental. Em Echoes, o grande triunfo está em como os temas abordam o paradoxo da vida:

Raiva com empatia, Desespero com esperança, Desolação com confiança, Vazio com espírito pulsante

Essa dialética dá ao álbum uma dimensão filosófica que vai além da sonoridade, transformando-o em uma experiência quase catártica.

Influências e identidade

Apesar das comparações inevitáveis com nomes como Lacuna Coil e In This Moment, a Noumenia não soa como cópia. A influência do metal moderno europeu está ali, mas a banda imprime sua própria assinatura, principalmente pelo contraste entre os vocais de Vivian e a força instrumental dos outros membros.

O DNA da banda mistura a agressividade do metalcore moderno, a cadência do groove metal e uma aura atmosférica que remete ao post-metal. O resultado é um som moderno, pesado, mas acessível, capaz de agradar tanto quem busca brutalidade quanto quem valoriza nuances melódicas.

Produção impecável

A produção de Richard Meiz é um capítulo à parte. Ele conseguiu dar ao álbum uma sonoridade que respeita a brutalidade natural da banda, mas sem sacrificar a clareza. Cada detalhe instrumental é perceptível, da palhetada mais pesada ao eco delicado de uma voz melódica.

O trabalho de mixagem e masterização de Daniele Salomone fecha o pacote com precisão. O disco soa vivo, pronto para arenas e festivais, mas também envolvente em fones de ouvido.

O impacto da Noumenia no metal moderno

A estreia com Echoes posiciona a Noumenia como uma das bandas emergentes mais promissoras do metal europeu. Eles trazem frescor, energia e autenticidade, algo que muitas formações veteranas parecem ter perdido.

O que mais impressiona é a coragem de se entregar por inteiro. Não há concessões aqui: é um som feito para mexer com o corpo, provocar a mente e tocar o coração.

Echoes é mais que um álbum: é uma experiência visceral. A Noumenia chegou para ocupar espaço, e não apenas como mais uma banda de metal moderno, mas como um nome que pode se tornar referência nos próximos anos.

Para os fãs de metal que buscam novidade, peso e emoção, este disco é obrigatório. E a pergunta que fica é: se a estreia já é desse nível, o que virá no futuro?

Saiba mais sobre a Noumenia e acompanhe suas novidades nos perfis oficiais da banda.

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Photo Credit: Anastasiya Bordunos