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11/03/2015

RESENHA: Epica e DragonForce no Rio de Janeiro


Uma noite de virtuosidade, peso e sinfonia


Após uma linda e bem sucedida turnê realizada no ano passado em alguns países da América Latina, a banda holandesa de symphonic metal Epica retornou ao continente no final do mês de fevereiro para uma serie de shows que encerram a turnê “The South American Enigma 2015”.  A turnê de divulgação do sexto álbum de estúdio da banda intitulado “The Quantum Enigma” está sendo dividida em pequenas séries de shows para que os integrantes não fiquem por muito tempo longe de suas famílias na Holanda, por isso a turnê foi dividida em duas partes causando grande ansiedade por partes dos fãs brasileiros que ficaram de fora das datas de shows em 2014, contudo esse ano a banda realizou uma série de show passando por Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e por último São Paulo onde a banda seguiu para realizar outros shows na América do Sul. 

  O que poderia ser uma sexta-feira normal nos agitados Arcos da Lapa, seria um dia atípico, pois mesmo com o calor característico do Rio de Janeiro logo pela manhã já começava a se formar uma fila de fãs, em sua maioria vestidos de preto, ansiosos pelo retorno do Epica a cidade, a última passagem da banda pelo país foi em setembro de 2012 para a divulgação do quinto álbum de estúdio o “Requiem for the Indifferent”. Mesmo com todo o calor, um ponto muito positivo que deve ser destacado, foi à atenção realizada pela produtora Overload que desde cedo disponibilizou guarda-sol na fila para os fãs que lá estavam. 
Além dos inúmeros fãs de symphonic metal presentes, uma boa partes de fãs era composta pela consagrada banda de power metal DragonForce que acompanhou o Epica em quatro apresentações realizadas no Brasil, foi a primeira passagem da banda inglesa no Rio de Janeiro e o show fez parte da Maximum Overload World Tour em divulgação do último álbum de mesmo nome lançado em 2014. 
Devido a um pequeno atraso na passagem de som, ocasionando com que a realização no M&G ocorresse com meia hora de atraso, ouve uma pequena demora para que os fãs começassem a entrar na Fundição Progresso, mas iniciada a entrada dos fãs a casa de show ficou rapidamente lotada, uma grande noite de muito metal estava apenas começando. 

Pontualmente às 19:30h começava o show do DragonForce, não podemos classificar o show deles como uma simples apresentação de abertura, e sim como um presente para os fãs de metal pois a confirmação da banda se apresentar juntamente com o Epica na turnê foi anunciada após o inicio de vendas dos ingressos para os shows no país. 

O show do DragonForce foi iniciado com a poderoso e contagiante single “Fury of the Storm” seguido por “Theree Hammers” presente no álbum mais recente “Maximum Overload”, impulsionados pelo animado e simpático vocalista Marc Hudson diversos mosh pit foram realizados durante essa canção e outras que viriam a serem realizadas,  em seguida foi tocada “Seasons” música do álbum “The Power Within” de 2012, o primeiro com Hudson nos vocais. Quando "Symphony of the Night" é inicia Hudson confessa ser sua canção preferida no último DVD da banda intitulado “In the Line of Fire” de 2015.

Escrever sobre o DragonForce sem destacar o seu exímio e virtuoso guitarrista solo Herman Li é impossível e imperdoável, todos os integrantes da banda têm uma pela performance no palco são entrosados e isso é fundamental para uma banda com tanta técnica instrumental. Contudo, Li caracteriza-se como um show a parte, sempre muito animado, correndo e pulando o tempo todo pelo palco realizando um de seus inúmeros solos, muitas vezes reconhecidos por aqueles que não são muito fãs de Power metal mais amantes dos vídeo games como guitar hero. 
Infelizmente o som estava muito abafado, ficando muitas vezes difícil uma compreensão mais detalhada das músicas que estavam sendo tocadas. “The Game” e “Cry Thunder” foram seguidas de coros realizados pelos fãs mais o ponto auge foi inegável o sucesso principal da banda, que em um momento de silêncio entre uma música e outra alguém grita: GUITAR HERO! Começando a contagiante "Through the Fire and Flames" encerrando muito bem o show da banda. 
 
Um problema que infelizmente esteve a cada momento que se passava se agravando mais era a falta de ventilação, principalmente para aqueles que estavam aglomerados na pista premium tornando-se muitas vezes difícil respirar antes mesmo no show principal começar. 
Exatamente as 21:00h, no horário previsto para o inicio do show os holandeses entraram aos poucos no palco seguidos de gritos aclamados dos fãs presentes, “The Second Stone” seguida de “The Essence of Silence” levaram ao público presente ao delírio belíssimas interpretações da vocalista Simone Simons, que mesmo após realizar uma sequência de shows, aparentava mesmo com o cansaço, uma bela simpatia sorrindo diversas vezes durante todo o show.
“The Last Crusade” foi à terceira música da noite causando grande felicidade ao público presente, pois essa canção foi tocada pela segunda vez, após dez anos do primeiro show do Epica no Rio de Janeiro. Em seguida foram tocados dois singles dos álbuns mais recentes da banda “Unleashed” e “Storm the Sorrow”.  Após muitos tempo sem tocarem “Façade of Reality” a música retornou ao repertório pela primeira vez em anos, os fãs brasileiros se organizaram e realizaram uma petição online para que a música fosse tocada no Brasil, conseguindo por volta de 3 mil assinaturas os fãs entraram em contado com o carismático guitarrista e fundador da banda Mark Jansen, que garantiu que a música seria tocada no país cumprindo sua promessa no Rio e repedindo a canção em São Paulo no domingo da mesma semana. 


Um dos pontos altos do show do Epica e a sua interatividade com os fãs, incomum em muitos shows tradicionais de metal, a banda realizou uma votação na hora do show dando duas opções de músicas para os fãs escolherem qual seria tocada em seguida, a primeira opção era “Sensorium” clássico da banda presente em seu primeiro álbum “The Phantom Agony” de 2002, que apesar de muito querida pelos fãs retornou ao repertório somente nos shows da América Latina, a segunda opção era “Natural Corruption” música do mais recente álbum “The Quantum Enigma” de 2014, música que se tornou single da turnê européia ganhando um clipe com imagens dos shows e bastidores em novembro de 2014. Surpreendendo muitos presentes a música que ganhou a votação foi à clássica “Sensorium” que levou o público ao delírio com um belo coral em seu refrão contagiante. 

Muitas das principais músicas do Epica são grandes, isso acarreta com que o setlist do show seja composto por poucas músicas, porém músicas longas e muitas vezes as preferidas dos fãs. “The Obsessive Devotion” e “Victims of Contingency” marcaram o momento com as músicas mais pesadas do show, que durante suas quase duas horas de duração não contou com a presença de nem uma balada da banda, o que a meu ver foi um pequeno erro por parte da banda, que poderia ter incluído alguma canção mais calma, como a belíssima “Canvas Of Life” do último álbum, que para mim deveria estar presente em todos os shows, ou surpreender os fãs com um clássico como “Solitary Ground”, particularmente senti falta de uma canção desse tipo no show do dia 6 de março. 

Um show do Epica nunca estará completo sem a banda tocar a música que os consagrou “Cry for the Moon” e difícil imaginar mesmo depois de tantos anos um show desta banda sem a interpretação dessa canção. E para fechar a primeira parte do show começava a tocar “The Phantom Agony” para a surpresa e posso até dizer decepção de muitos fãs que esperavam terem a oportunidade de escutarem pela primeira vez na cidade a canção que dá nome ao quarto álbum de estúdio da banda lançado em 2009 “Design your Universe”, infelizmente não foi dessa vez que os fãs tiveram a oportunidade de escuta-lá, mais também é inegável que a versão “party version” de The Phantom Agony é muito divertida ao vivo, chega a ser engraçado em um momento da canção todos os músicos balançando suas cabeças sincronizadamente e em outro começavam a correrem, rodarem e pularem pelo palco.

Após alguns minutos Coen, Simone, Arien e Rob retornam devidamente uniformizados, com camisas do Brasil personalizadas, com o nome de cada um, Mark com uma blusa oficial do Brasil e o Isaac estava nitidamente com muito calor, pois logo tirou sua blusa levando muitos presentes ao delírio, bem o bis iniciou-se com “Sancta Terra” seguida de “Unchain Utopia” quarta e última música do álbum que intitula a turnê. E como todo show do Epica esse não poderia ser diferente, a última música interpretada foi a já esperada e amada pelos fãs “Consign to Oblivion” o show do Epica acaba somente quando essa poderosa música de quase 10min é concluída. E quando a banda já estava se despedindo dos fãs o carismático baterista Arien desce do palco, cumprimentado os fãs na grade, para poder abraçar a uma fã que fez um pequeno cartaz em homenagem a ele, realmente uma imagem emocionante de se ver. 

Infelizmente dentro da casa de show estava um calor insuportável, realmente muitas pessoas estavam sofrendo com o calor sendo muito difícil interagir com a banda, algumas pessoas passaram mal ocorrendo alguns desmaios devido à temperatura, realmente o ar condicionado não estava dando vazão, parecia muitas vezes que os fãs poderiam estar desanimados não interagindo com a banda, mas o nome disse era calor! Então a produtora Overload deve ser parabenizada pela preocupação com o público presente, porque durante o show do Epica, pelo menus na pista premium aonde a situação estava mais complicada, foram distribuídos inúmeras garrafinhas e copos de água gratuitamente para os fãs, realmente um ponto positivo para tentar aliviar aquela situação na qual o público se encontrava. 

Uma das principais características dos shows do Epica, pelo menos na América Latina, e sua diversidade na hora de compor seu repertorio para os shows, sempre englobando músicas de todos os álbuns da carreira. Isso muitas vezes pode ser muito bem visto pelos fãs, pois aqueles que nunca tiveram a oportunidade de ver a banda ao vivo conseguem abranger toda a sua carreira em uma única noite. Por outro lado muitos fãs não concordam com isso, pois as músicas dos últimos álbuns são muitas vezes deixadas de serem tocadas, para repedir uma música que já havia sido interpretada nos outros anos. 

No auge de sua carreira e reconhecimento na mídia especializada, a banda Epica demonstrou porque é atualmente uma dos principais expoentes da vertente conhecida como Symphonic Metal, a cada dia que passa a banda conquistas fãs que se encantam com a criatividade da banda ao lado da muito bem trabalhada mistura do metal tradicional com elementos de música clássica, servindo de inspiração para muitas bandas que surgiram na cena nos anos seguintes, os holandeses estão cadê vez mais consagrando o seu nome entre as principais bandas da última década e muitos anos ainda viram, Mark Jansen e Cia. se superam a cada novo álbum, no final do show o meu primeiro pensamento foi: Quando eles retornaram ao Rio de Janeiro?! Bem com toda a certeza eu estarei presente no próximo show deles por aqui. 

Setlist DragonForce:
1. Fury of the Storm 
2. Three Hammers 
3. Seasons 
4. Symphony of the Night 
5. The Game 
6. Cry Thunder 
7. Valley of the Damned 
8. Through the Fire and Flames 

Setlist Epica:
1. The Second Stone 
2. The Essence of Silence 
3. The Last Crusade 
4. Unleashed 
5. Storm the Sorrow 
6. Façade of Reality 
7. Sensorium 
8. The Obsessive Devotion 
9. Victims of Contingency 
10. Cry for the Moon 
11. The Phantom Agony 

Bis:
12. Sancta Terra 
13. Unchain Utopia 
14. Consign to Oblivion 

  
FOTOS


Resenha e fotos: Daniela Godinho 

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