08/01/2018

ENTREVISTA: Fenrir's Scar (Brasil)


Vamos começar o ano entrevistando a banda paulista Fenrir's Scar que atualmente e formada por André Baida (Vocais e guitarra), Desireé Rezende (Vocais),  Khronny (Guitarra), Gabriel Rezende (Baixo), Graziely Maria (Teclado) e Ildécio Santos (Bateria). Tivemos a oportunidade de realizar uma entrevista exclusiva com o André e a Deze, que nos contaram um pouco a história da banda, a gravação do primeiro álbum, a importância da internet na cena metal na atualidade e muito mais! Confiram a seguir: 

EC - Primeiramente gostaria de agradece-los por terem aceitado realizar a entrevista para o Elegia e Canto. Como nasceu a ideia de formarem o Fenrir’s Scar? 
Deze: Obrigada a você pela oportunidade de divulgar mais o nosso trabalho. A ideia de criar a banda surgiu em 2014 quando mostrei algumas letras que havia feito para o André. Ele já tinha algumas composições feitas também, e resolvemos trabalhar nisso juntos. Assim surgia a nossa primeira demo contendo as músicas “Downfall” e “Dark Eyes”.

EC – Como surgiu a inspiração para o nome “Fenrir’s Scar”? E como vocês acreditam que ele representa/simboliza a mensagem que vocês buscam transmitir aos seus ouvintes? 
André: O nome surgiu inspirado na música “Fenrir’s Last Howl” da minha antiga banda de power metal CounterParts.Quando sai da banda, por decisão própria, tinha em mente que levaria o nome Fenrir comigo e todas as cicatrizes que o underground proporciona na nossa vida. Nascendo assim o nome Fenrir’s Scar.

    Na minha concepção o lobo Fenrir sempre foi mal interpretado por se tratar de uma “besta gigante”. Sempre foi obrigado a cumprir desafios, que por mais que o machucassem, ele sempre superava. Essa é a mensagem que nós tentamos levar ao público. Que não importa o quanto você esteja machucado e ferido, você sempre pode superar esses desafios e ganhar cicatrizes no processo. Essas cicatrizes vão te deixar mais forte sempre.

EC – Quais são as bandas que servem (ou serviram) de inspiração musical para vocês? E como vocês descreveriam a sonoridade do Fenrir’s Scar? 
Deze: Acho que nossa maior influência seria o Lacuna Coil, principalmente nas divisões dos vocais, equilibrando bem as duas vozes. Também temos influência de bandas como Within Temptation, Tristania e Evanescence.



André: Sobre a sonoridade, procuramos incorporar nuances modernas, mas sem perder o contraste entre a suavidade da voz da Deze e dos teclados e o peso das guitarras/cozinha com os meus vocais.

EC – Em 2017, vocês lançaram o seu primeiro álbum auto intitulado Fenrir’s Scar. O mesmo tem recebido criticas muito positivas da critica especializada, e ficando presente em muitas listas, dos melhores álbuns do ano de 2017. Como foi o processo de composição do álbum? Existe álbum conceito por trás das canções? E como vocês se sentiram diante a recepção do álbum?  
Deze: O processo de composição foi bem natural na verdade. Eu escrevia algumas letras e mostrava pro André e ele compunha as músicas, ou em algumas vezes era o contrário, ele mostrava a música pronta e eu escrevia uma letra pra ela. 

André: Devido a experiências anteriores, decidi que seria necessário a presença de um produtor musical para o disco. Me conheço e sei que sou exagerado, então precisava de alguém que me falasse “não” (risos). Com isso chamei o cantor e multi-instrumentista campineiro Fabiano Negri para trabalhar comigo os arranjos musicais. Foi uma experiência muito legal e com certeza repetiremos esse formato para o próximo disco.

Deze: Não existe um conceito especifico por trás do álbum, cada uma das músicas tem uma inspiração diferente. Cada uma conta uma história diferente. Mas gosto de pensar que mesmo nas letras que são inspiradas em histórias literárias e fantasiosas, trago uma mensagem que pode ser interpretada por um prisma pessoal.
    Sobre a recepção do álbum, tem sido muito gratificante pra gente ver que ele está sendo bem aceito pela crítica e pelo público. Fiquei muito feliz em figurarmos entre os 20 álbuns mais votados no site da Roadie Metal por votação popular. Isso significa que as pessoas realmente gostaram e estão nos apoiando. Não há palavras para descrever nossa alegria em conseguir uma conexão com as pessoas nessa escala.

André: Como a Deze disse, tem sido muito gratificante ter esse retorno do público e da mídia. Tenho uma filosofia que sigo à risca em relação a composição que é: “sempre fale sobre o seu pior ou o seu melhor dia”, e acredito que esse é um diferencial pois as pessoas acabam se conectando conosco. Esse reconhecimento me faz acreditar mais ainda nesse mantra.



EC – Vocês são uma banda que surgiram nessa era digital, e em um momento onde muitas bandas covers disputam lugar com as bandas autorais. Contudo, com o lançamento do primeiro álbum vocês se confirmam como uma verdadeira revelação do metal nacional. Quais as maiores dificuldades de se ter uma banda de metal autoral no Brasil? E como vocês percebem o papel na internet na cena metal nacional? 

André: Antes de mais nada obrigado por nos considerar uma revelação do metal nacional J. Em relação as dificuldades, eu acredito que a maior de todas é conseguir que a pessoa se interesse e dê o primeiro play no áudio ou no vídeo. Após isso ela tem todo o direito de gostar ou não do que ouviu. Mas conseguir embutir esse interesse, essa curiosidade nas pessoas, partindo do princípio que ela não nos conheça, é um desafio muito grande. A segunda maior dificuldade é conseguir um espaço que nos proporcione dar o nosso melhor ao vivo, e esse é um dos motivos que eu decidi ser bem seletivo em relação à shows. Apresentações ao vivo são a porta de entrada para uma pessoa conhecer e se interessar pela banda, portanto procuro locais que nos dê essa estrutura. Infelizmente no underground são poucos os locais que se importam com a forma que a banda vai soar para o público. A primeira impressão é a que fica. Sempre.
    Em relação ao papel da internet na cena metal nacional, eu diria que é fundamental. Hoje em dia todos estamos conectados 100% do tempo, seja no PC ou no smartphone. É uma quantidade enorme de conteúdo aparecendo a cada hora na nossa frente. É uma forma excelente de estabelecer o primeiro contato com as pessoas, e caso ela se identifique, criar vínculo. A facilidade dada pelos serviços de streaming, as iniciativas de crowdfunding, nossa comunicação com os veículos de imprensa e pessoas interessadas em adquirir nosso disco, são só alguns dos muitos benefícios que a internet nos traz.
    Claro que nem tudo são flores, e infelizmente vivemos em um mundo com muito ódio reprimido e gratuito, então as vezes recebemos comentários desagradáveis sobre fatores não relacionados à música e a arte em si. Mas, comparado com os comentários de suporte e apoio que recebemos, isso não é nada.

Desireé Resende -
Foto Promocional 2017
EC - O videoclipe da música “From Porcelain To Ivory” foi o 99° vídeo mais visto de bandas com vocais femininos, do mundo todo no ano de 2017. Essa é uma excelente marca, certo? Vocês realizaram a gravação no Museu de Imagem e Som de Campinas, como foi àexperiência de gravarem o primeiro videoclipe? E por que escolheram “From Porcelain To Ivory” como primeiro single? 
Deze: Foi uma marca muito importante conseguir ficar entre os 100 vídeos mais vistos com vocais femininos do mundo todo em 2017. Ainda mais por termos lançado ele em Novembro e ser nosso primeiro clipe! Pra bandas grandes, com bastante recursos, gravadora e fãs no mundo todo isso pode não ter tanto significado, mas para uma banda independente como a gente, é uma marca muito importante, com certeza.

Nós gravamos o clipe no MIS como você mencionou, que tem uma arquitetura linda e faz parte da história de Campinas. A gravação do clipe foi bem interessante e um pouco cansativa (risos). Estava muito quente no dia e a sala que gravamos a maior parte do clipe ficou fechada e sem ventilação. Então você já imagina (risos).

Gostamos muito do resultado e do trabalho do Daniel de Sá do Estúdio GR. Queríamos um clipe simples, mas bem feito, e acho que conseguimos isso.

Escolhemos essa música por feedback do público.Sendo através de métricas de streaming ou por comentários diretos... Foi uma música que se conectou muito bem com as pessoas e acredito que nos representa muito bem.

EC - Uma característica muito positiva da banda são os vocais. Vocês exercem muitíssimo bem o clássico dueto “bela e a fera”, mas sem exageros. A voz doce da Deze com a versátil voz do André, criam grandes momentos no álbum, vocês realmente se completam. Percebemos isso em músicas como “Beneath the skin”, “Asleep” e “Dark Eyes”. Como é para vocês como casal, realizarem também essa parceria no meio musical? 
Deze: É muito bom poder trabalhar ao lado do André nesse sentido. Ele tem bastante experiência como músico e eu pude me sentir à vontade ao lado dele para colaborar e aprender também. Por já ser íntima dele não tive medo de compartilhar minhas ideias e letras. E durante essa fase inicial de composição isso foi essencial.

André: Ah, desculpa o palavreado, mas é legal pra caralho (risos). Estamos casados desde 2012 e logo na primeira semana já estávamos improvisando em cima de letra de comercial, mudando músicas pra colocar o nome dos nossos cachorros e toda essa patifaria (risos). Isso nos tornou um casal muito aberto e musical. E diria que isso é fundamental nas nossas composições e apresentações pois passa uma cumplicidade e uma verdade muito forte entre a gente.

André Baida - Foto Promocional 2016
EC – A música “Fenrir’s last howl” encerra o álbum, e ela me chamou atenção, pois é a única canção na qual o André interpreta sozinho. Como foi o processo de criação desta canção? Qual a história por trás dessa faixa? 
André: Essa música foi originalmente composta pro álbum “A Dreamer Betrayed” da minha antiga banda, CounterParts, que foi lançado em 2007. Nessa banda, eu tocava baixo e fazia alguns vocais apenas. Essa música era um power metal bem tradicional e rápido (risos), muito diferente do resultado final no nosso disco.

Como mencionei no começo da entrevista eu saí da banda, e decidi criar o nome Fenrir’s Scar baseado nessa música. Com isso me veio a vontade de desconstrui-la totalmente e criar uma nova roupagem pra ela. De certa forma essa música deu início a Fenrir’s Scar e encerrou nosso primeiro capítulo. E eu mal posso esperar pelos próximos. 

EC – Diante de um ano tão movimentado como foi 2017, quais os planos para o futuro da banda? Vocês poderiam dividir alguma novidade conosco?
Deze: A primeira novidade que podemos compartilhar é que em meados de Abril deste ano vamos participar da coletânea Imperative Music Volume 15, ao lado de grandes nomes do metal como Cradle of Filth, Hammerfall, Death e Destruction. Além disso lançaremos em janeiro o lyric video de Beneath The Skin.

André: Passarei por uma cirurgia em janeiro e isso colocou alguns planos em hold, mas posso adiantar que ainda no primeiro semestre teremos os videoclipes de Caliban e Keep You Close To My Heart. E no segundo semestre mais um clipe ainda a ser definido. Paralelamente a isso, estou 
trabalhando na composição do próximo álbum e pretendemos tocar em alguns festivais durante o ano.

EC - Novamente gostaria de agradecer pela entrevista, vocês poderiam deixar uma mensagem aos nossos leitores e fãs do Fenrir’s Scar?   
Deze: Obrigada você Daniela pelo espaço e pela força que você tem dado não só a Fenrir’s Scar, mas as bandas underground no geral, é muito importante para a cena ter veículos de comunicação como o Elegia e Canto divulgando e apresentando bandas para o grande público.

Gostaria de agradecer também aos leitores do Elegia e Canto e ao nosso público por toda a força e apoio que nos tem dado. Significa muito pra gente ter pessoas que “vestem a camisa” e apoiam nosso trabalho. 

André: Agradeço a você Daniela e ao pessoal do Elegia e Canto pela oportunidade. E para nossos fãs: KEEP HOWLING!Vocês são muito importantes para nós e nós continuaremos fazendo música sempre que tiver pelo menos uma pessoa para ouvir. Vocês são foda!


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