13/06/2016

RESENHA: Roça N’ Roll 2016: Entrando na maioridade com maestria

     Mais um ano, mais um Roça n’ Roll. Considerado o maior festival de Rock e  Heavy Metal do interior do Brasil, o festival completou seus 18 anos de muita mueção e a tradicional variedade de estilos, agradando desde thrashers, punks, headbangers, dentre outros. 
      Como é de costume, a estrutura do evento conta dois palcos (denominados Tira Couro e Sete Orelhas, referências a lendas locais) além da Tenda Combate, onde as bandas Meat, Repudio, Silence, Masturbator, e Michel Bacana se apresentaram.

     Iniciando os trabalhos, ainda com poucas pessoas no local os cariocas do Lyria não se deixaram abater e fizeram um show energético e com uma boa dose de peso,numa mistura de Metal Alternativo e sinfônico. Sons como "The True War", "Jester" e "Light In Darkness"  e o cover de "Nemo"do Nightwish mostraram que a banda tem um bom entrosamento e  presença de palco. Destaque para a vocalista Aline Happ.
     Logo após, no palco Sete Orelhas tivemos os veteranos do Deadliness vieram com bastante garra e vigor, com seu thrash agressivo,com riffs massacrantes e solos precisos. "Guerreiros Do Metal", "Sanguinarios Do Poder" e uma versão acelerada para "Ace Of Spades", do Motorhead foram muito bem recebidas pelo público.
     Com uma temática sobre pirataria, incluindo vestimentas caracteristicas, os paulistas do Barbaria fizeram um show competente e com muita descontração sem deixar de lado a técnica em sons como "BlackBeard", "Under the Black Flag", "Cutthorat Island" dentre outras.
     Trazendo um Heavy Rock bem pesado, trampado e cantado em português ,os belohorizontinos do Concreto não deixaram a peteca cair. Divulgando o EP "Bruto", tocaram sons deste trabalho como "Anjo Da Morte", além de sons mais antigos, passeando por toda sua discografia. 
    No outro lado, no palco Tira Couro,substituindo a banda Impurity, uma lenda ressurgia depois de longos anos. Era o Holocausto, clássica banda da cena do Metal de Belo Horizonte dos anos 80. Com a formação dos tempos da coletânea "Warfare Noise" a banda fez um show destruidor, onde podia-se ver tanto headbangers das antigas emocionados quanto mais novos ansiosos pela apresentação. Músicas como "Campo De Exterminio", "Destruição Nuclear", "Escarro Napalm" e "Facção Revolucionária Armada" frenético não deixaram pedra sobre pedra num show histórico. 
     Rapidamente, no palco Sete Orelhas os palusitas do Maverick trouxeram um thrash muito bem executado e com algumas doses de peso e modernidade, tocando sons do seu disco intitulado The Motor Becomes My Voice”.
    Mais uma banda veterana subia ao palco. Desta vez foi o Mithological Cold Towers, com mais de 20 anos de experiência sendo considerada uma das melhores bandas de Doom Metal do Brasil. Mesmo tocando depois de bandas de som mais veloz e frenético, a atmosfera e a sonoridade arrastada cativaram os presentes, num show de muito peso, ainda mais se considerarmos que a banda apresentou-se sem um baixista,o que acabou não interferindo no resultado final. Sons clássicos como "Akakor", "Vestiges" e 'Immemorial" foram muito bem aceitas pelos presentes.
     Mudando completamente os ares, o Punk rock invadia o Roça n’ Roll. Era a vez de O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos fazerem um dos shows mais divertidos da historia do evento. Sendo nada mais que o Garotos Podres usando outro nome devido a problemas judiciais, manteram não apenas a sonoridade classica como o discurso tradicional da banda, tendo em Mao um excelente frontman.
     Mesmo antes do final do show do Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos uma multidão se aglomerava frente ao palco Tira Couro.Não era para menos pois quem iria tocar ali era o Torture Squad, retornando ao Roça depois de 6 anos. Com uma nova formação, tendo Mayara Puertas(vocal, ex Necromesis) e Rene Simionato(Em Ruinas) e divulgando o EP Return Of Evil, de cara tocaram a faixa titulo do mesmo, assim como outras deste novo registro. O peso e a agressividade da banda  é notório e fez com que os presentes agitassem freneticamente seja bangueando ou abrindo rodas de mosh. A coisa estava tão frenética que a grade que separava o publico do palco chegou a ser danificada e rapidamente reparada ali na hora mesmo. Músicas novas como "Dreadfull Lies" e "Iron Squad" dividiram espaço com sons clássicos como "Living For The Kill", "Chaos Corporation", "The Unholy Spell" e "Pandemonium". Destaque para a performance dos novos integrantes, Rene tocando riffs pesados e precisos, assim como solos eficientes e Mayara, que canta de forma absurdamente agressiva, seja em vocalizações mais rasgadas quanto em guturais cavernosos, além de possuir uma boa presença de palco. Dos veteranos Castor (baixo e backing vocals) e Amilcar Cristofaro (bateria) não há muito o que dizer, os dois formam uma das cozinhas mais matadoras do Metal nacional.
     Do outro lado,os finlandeses do Amorphis estavam cercados de expectativa por muitos. Este foi o ultimo show da turnê sulamericana, com enfoque no novo album, "Under The Red Cloud" e abriram com a faixa titulo deste disco. Algumas das caracteristicas mais marcantes do Amorphis já eram percebidas logo ali, como a alternância dos vocais de Tomi Joutsen entre o limpo e o gutural  e as excelentes melodias tanto da dupla de guitarristas Esa Holopainen e Tomi Koivusaari quanto do tecladista Santeri Kallio. O foco deste show foi o ultimo disco, mas a banda também apresentou muitas musicas mais antigas como "My Kantele", "On Rich And Poor" e "Relief", do album "Elegy", que foram muito bem recebidas pelo publico. Sons dos albuns "Circle",  "Skyforger", "Eclipse" e "Silent Waters" também foram tocadas, como "The Wanderer", "Sky Is Mine", "House Of Sleep" e "Silent Waters", respectivamente. Depois de uma breve pausa era a hora do encore, e vieram com "Death To A King", seguida pela conhecida e melódica  "Silver Bride", do disco "Skyforger". Após agradecer ao publico presente, Tomi Joutsen anunciava aquela que era a musica mais esperada do show, "Black Winter Day",que  já era pedida por muitos desde o inicio da apresentação. Tanto as partes cantadas em gutural quanto as linhas de vocais limpos foram cantadas por muitos, num show realmente inesquecivel.
     Sem perder tempo era a vez da banda Noturnall, formada por ex integrantes do Shaman (Thiago Bianchi, Fernando Quesada e Juninho Carelli - vocal, baixo e teclados, respectivamente) o baterista Aquiles Priester (Hangar, ex Angra) e o estreante guitarrista estadunidense Mike Orlando (Adrenaline Mob) que substitui Leo Mancini. De cara percebe-se que a técnica e a virtuose são características marcantes no som da banda, todos os integrantes dominam seus respectivos instrumentos de maneira absurda. Tocaram sons de seus dois discos, "Noturnall" e "Back To Fuck You Up", como "Nocturnal Human Side", "Fake Healers", "Fight the Sistem"(com alguns versos de musicas do grupo de Rap Racionais Mc's, fato que causou estranheza em muita gente) e "No Turn At All", assim como os covers "Inferno Veil", do Shaman e "Nova Era" do Angra.
     Já tradicionalmente aguardado, era a vez da prata da casa. O Tuatha De Danann conseguiu fazer batante gente agitar,mesmo depois do cansaço tomar conta após tantos shows incriveis seguidos. Sendo considerados os maiores representantes do Folk Metal brasileiro, trouxeram sons do disco novo,"Dawn Of a New Sun", como "We Are Back" e "Sack Of Stories", assim como as famosas "The Dance Of The Little Ones", "Believe It's True", "Tan Pinga Ra Tan", "Us" e a divertidissima "Finganforn". foi um otimo show que mesmo com alguns deslizes de alguns musicos, manteve a atmosfera magica da banda e o clima de diversão do festival.
     Outra banda que já é "velha de guerra" no Roça n’ Roll é o Cracker Blues. Somando 16 anos de estrada eles nos deram uma boa dose de Blues e Rock'N Roll, fazendo com que muitos vencessem o cansaço e curtissem o som descontraido e divertido deles.
     A ultima banda a se apresentar foi o Hatefulmurder(devido a problemas com passagens aéreas os maranhenses do Jackdevil não puderam comparecer). A mistura de Thrash e Death Metal dos cariocas se mostrou bastante eficaz e arrancou as ultimas energias dos headbangers ali presentes em um show bem pesado. A banda conta com uma nova vocalista, Angelica Burns, que trouxe ainda mais agressividade para o som da banda, fato este que vimos em musicas como "Black Chapter" e "No Peace For The Wicked".
    Assim terminou mais uma edição do Roça n’ Roll, esta que confirma a maturidade do festival e confirma a alcunha de " o melhor festival de Rock e Heavy Metal do interior do Brasil".



      

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