12/01/2017
ENTREVISTA: Satarial (Rússia)
É pessoal, 2016 foi um ano incrível, grandes entrevistas e grandes matérias aqui no Elegia e Canto, e só tenho a agradecer a todos vocês por cada mensagem, cada curtida e cada compartilhamento. É através da manifestação de vocês que nossa Equipe se motiva cada vez mais para trazer um conteúdo cada vez mais elaborado até vocês.
E, pra começar 2017 em grande estilo, trago à vocês
uma entrevista a qual estive ansioso para postar nos últimos dias. Particularmente,
tenho esta como a grande entrevista que fiz até o momento. Quero agradecer ao meu amigo Lucas Coelho, que fez as traduções português/inglês - inglês/português, e possibilitou que esta entrevista fosse concluída.
Tradução: Lucas Coelho
SATARIAL é uma banda de Folk Black Metal da Rússia.
Envolta em um misto de xamanismo, misticismo e bruxaria, a banda mescla bem os
elementos e crenças ao som pesado mais carregado de informações sobre suas
crenças. Talvez a banda choque ao primeiro momento aos olhos daqueles que não
estão acostumados ao estilo, porém, convido a cada um de vocês a lerem esta
entrevista até o final, que nos foi concedida pela incrível baterista Angelika,
que gentilmente nos atendeu e respondeu a todas as nossas perguntas. Angelika,
muito obrigado!
Angelika: Desde o início da banda, nossas criações são baseadas em misticismo,
magia de várias orientações e no anticlericalismo. Nos quase 25 anos de
existência a banda pouco mudou sua ideologia. Naturalmente, quando nos
referimos à musica ocorreram mudanças. Nós gostamos de experimentar e não temos
medo de ir além das fronteiras estilísticas.
Angelika: Sim, nossa música combina
muitas vertentes estilísticas. Nós usamos uma variedade de instrumentos europeus
medievais, como o hurdy-gurdy, corneta
norueguesa e assim por diante. Também usamos instrumentos eletrônicos modernos
como sintetizadores e samplers analógicos. Além disso, usamos instrumentos
clássicos como violoncelo, flauta e violino. Nossas guitarras são mais
graves, afinadas em drop G. Nos inspiramos também na melodia e ritmo de
feitiços e magias antigas. Para nós é difícil determinar nossa estrutura
estilística. Vários críticos classificam nossa música em diferentes estilos,
folk, black metal, death metal, tribal metal.
Angelika: Você tem razão, eu pratico
bruxaria e xamanismo. Eu apoio o equilíbrio entre nós mesmos e o mundo ao nosso
redor. Meu caminho está em harmonia com a natureza. Embora eu tenha estudado a
magia cerimonial, Thelema, e Magia do Caos, dentre vários outros, onde eu
obtenho melhores resultados é na feitiçaria advinda do Norte e cultos
pagãos de Diana.
Quando uma pessoa aprende sobre o mundo além do visível e familiar, ela
não pode, de forma impune, ser mais uma pessoa normal. Com o primeiro ritual
real do pentagrama o operador começa a brilhar no mundo da magia e feitiçaria.
O homem tornou-se "visível" para as energias da magia. E ele deve ser
um guerreiro e lutar. A lei da natureza diz: "Sobrevivência do
mais forte.". A fonte da bruxaria tornou-se muito lamacenta, e isso
confundiu a mente de muitos. Um monte de energia vinda de rituais de vingança e
de ataques não atingem os objetivos, porque atacam imediatamente o pentagrama
ardente do operador. Muitos incorreram na ira de outras bruxas e feiticeiros. E
começa a guerra da energia. O mundo da magia é bastante duro. E se você quer
sobreviver, então é uma prática diária de proteção, purificação e reflexão.
Angelika: A Música já é mágica. Linguagem primitiva da natureza e do universo. Nós
fazemos música que é um guia para os mundos além da consciência. E acompanhamos
a imagética visual mágica da música e dança xamânica. Quase todos os nossos
concertos são um ritual, visando a harmonia com a natureza e a invocação do
Deus e da Deusa. Além da parte visual e musical, usamos incenso e feitiços
mágicos. Queremos dar às pessoas um senso de liberdade de dogmas e princípios
que os impedem estar em harmonia com a natureza.Seth cria todos os cenários
para nossas performances, guiado por suas imagens subconscientes.
E.C.: Nós aqui
no Brasil vivemos em uma cultura inundada pelo cristianismo, um falso moralismo
impera, políticos corruptos que também são padres e pastores condenam formas de
pensamento de outras culturas religiosas que são tomadas como “seitas”, como
algo estranho e ruim. Como é a reação do público de seu país com a postura
extrema da SATARIAL?
Angelika: Nós, ao longo da história da Satarial, enfrentamos problemas com as proibições de nossos concertos pelas autoridades governamentais. A primeira proibição de um show nosso foi em 1995 pelo Patriarcado de Moscou. Em 1999 foi o tribunal que nos acusou de sectarismo. Em 2006, fui acusado de assassinato em um ritual, mas bem, eu tinha um álibi, e eles tiveram que retirar as acusações. Nos últimos anos, a partir de 2013, a banda Satarial enfrentou proibições da Rússia que nem sempre são oficiais, mas sempre os nossos concertos acabam sendo proibidos de alguma forma.
Angelika: Nós, ao longo da história da Satarial, enfrentamos problemas com as proibições de nossos concertos pelas autoridades governamentais. A primeira proibição de um show nosso foi em 1995 pelo Patriarcado de Moscou. Em 1999 foi o tribunal que nos acusou de sectarismo. Em 2006, fui acusado de assassinato em um ritual, mas bem, eu tinha um álibi, e eles tiveram que retirar as acusações. Nos últimos anos, a partir de 2013, a banda Satarial enfrentou proibições da Rússia que nem sempre são oficiais, mas sempre os nossos concertos acabam sendo proibidos de alguma forma.
E.C.: Foram muitos anos desde “LateXXX” (2006) até
“Lunar Cross” (2014). Houve alguma paralisação da banda neste período, ou há
outro motivo para este intervalo longo entre os álbuns?
Angelika: Desde 2006 a Satarial não tem uma formação completa devido aos problemas relacionados com as proibições e perseguições da Igreja. Nós voltamos a atividade desde 2011, quando comecei a tocar bateria. Durante esta pausa, fizemos uma turnê na Turquia com projeto eletrônico de Seth. Além disso eu tenho atuado como DJ. Em 2014 gravamos o álbum "Lunar Cross" e em setembro de 2016 lançamos mais um novo álbum com o título "Blessed Brigit". Este álbum continua a linha que começamos no álbum "Lunar Cross". Também em novembro lançamos nosso novo vídeo na canção "Manifest of Paganism".
Angelika: Desde 2006 a Satarial não tem uma formação completa devido aos problemas relacionados com as proibições e perseguições da Igreja. Nós voltamos a atividade desde 2011, quando comecei a tocar bateria. Durante esta pausa, fizemos uma turnê na Turquia com projeto eletrônico de Seth. Além disso eu tenho atuado como DJ. Em 2014 gravamos o álbum "Lunar Cross" e em setembro de 2016 lançamos mais um novo álbum com o título "Blessed Brigit". Este álbum continua a linha que começamos no álbum "Lunar Cross". Também em novembro lançamos nosso novo vídeo na canção "Manifest of Paganism".
E.C.: Em 2016, Satarial apresenta “Blessed Brigit” ao
público? Estão tendo o retorno esperado com este álbum?
Angelika: Não esperamos nenhuma renda com o lançamento do álbum. Mas esperamos que
os nossos ouvintes gostem das músicas.
E.C.: “Manifest of Paganism”, primeira faixa do álbum “Blessed Brigit”, além de uma música incrível, ganhou também um vídeo extraordinário. Sobre os vídeos da SATARIAL, como se dá o processo de criação (roteiro, ideias de filmagem, atuações...).
E.C.: “Manifest of Paganism”, primeira faixa do álbum “Blessed Brigit”, além de uma música incrível, ganhou também um vídeo extraordinário. Sobre os vídeos da SATARIAL, como se dá o processo de criação (roteiro, ideias de filmagem, atuações...).
Angelika: O vídeo é baseado no confronto entre a bruxaria e o paganismo com o
cristianismo. A liberdade e a natureza se opõem ao obscurantismo da ortodoxia e
à crueldade da igreja cristã. As filmagens
foram feitas em vários templos pagãos antigos. Tentamos transmitir o poder
mágico desses lugares. Além disso, mostramos não só os ritos místicos, mas
também as torturas realizadas na Inquisição que são fatos hitóricos. Para isso
foram confeccionados muitos instrumentos de tortura baseados em gravuras
medievais.
Angelika: O propósito do homem - este é o seu limite. E, portanto, nós não
estabelecemos metas. Vivemos em harmonia com a Natureza, lutamos pela liberdade
e desfrutamos quando tocamos nossa música ao vivo. E à frente disso
desfrutaremos de várias tarefas e momentos agradáveis. Um deles, por exemplo,
seria tocar na América do Sul.
E.C.: Nos últimos
cinco anos, o Brasil tem recebido diversas bandas do mundo underground, e o
público para estas bandas tem crescido cada dia mais. O que conhecem de nosso
país e, planejam algum dia uma tour em algum país SulAmericano?
Angelika: Para
nós o Brasil é muito interessante, não só o Brasil, mas todo o continente
sul-americano nos chama a atenção com sua cultura antiga, nós gostaríamos de
visitar os antigos lugares xamanísticos para desfrutar da bela natureza da
América do Sul. Sabemos que temos ouvintes em seu países e acho que o público é
muito afetivo e muito próximo a nós em espírito. Nós gostaríamos de fazer shows
na América do Sul.
EC.: Angelika, quero agradecer-lhe por nos ter dado esta entrevista. Satarial foi uma das bandas que tive o grande prazer de conhecer, e é por isso que eu queria esta entrevista, para que mais pessoas aqui no Brasil e em outros países que acessam nosso site pudessem ter o privilégio de saber também. Por favor, deixe uma mensagem ao público brasileiro que, através desta entrevista, possa conhecer um pouco mais sobre o SATARIAL.
Angelika: Muito obrigado pelas perguntas interessantes! Desejo que todos os teus leitores sejam livres, vivam em harmonia com a natureza e recordem que depois do inverno sempre vem a primavera. Abençoados sejam!