06/05/2017
ENTREVISTA: Soulspell Metal Opera (Brasil)
O Soulspell Metal Opera é sem dúvida um dos projetos mais audaciosos do
Metal nacional. Combinando elementos do Power e Prog Metal, assim como
diversos vocalistas, além de convidados, a banda se prepara para o
lançamento do seu quarto disco, Act IV- The Second Big Bang. Tivemos a
honra de conversar com o baterista, compositor e idealizador do projeto,
Heleno Vale, que nos contou muito sobre o novo disco bem como diversas
outras coisas. Confira.
EC: Segundo
o vídeo promocional lançado para divulgar o lançamento do novo disco,
Act IV- The Second Big Bang, foram 5 anos de trabalho intenso de
produção. A julgar por todos os trabalhos anteriores, dá pra sentir o
quão difícil é levar à frente um projeto como este, porém desta vez de
forma ainda mais audaciosa do que nunca. Conte- nos um pouco sobre esse
período.
Heleno: Sim, foram 5 anos de trabalho
árduo, onde eu e os principais membros do time do Soulspell, como a
Raquel, o Jefferson, o Leandro e a Daísa, investimos cada segundo na
produção de um álbum jamais feito pela nossa equipe. A qualidade desse
álbum, em todos os aspectos, não é comparável aos anteriores, é muito
superior. Além disso, nossa rede de contatos foi ampliada em larga
escala durante esse período, o que contribuiu para abrilhantar as
interpretações das composições. Esse foi um período onde trabalhamos com
mais estúdios e mais pessoas, mais ideias. Isso tudo é só o começo de
uma nova era pro Soulspell. Todo esse trabalho não foi um investimento
exclusivo nesse álbum, mas sim em estruturar o projeto para os anos
vindouros. As peças estão de ajeitando e acredito que o projeto tem tudo
para se firmar como um grande nome daqui pra frente.
EC: Ainda
sobre o citado vídeo, nele são mencionados todos os participantes e o
número destes dessa vez impressiona bastante. Há integrantes de bandas
como Megadeth, The Harp Twins, Stratovarius, ex-Sonata Arctica,
Helloween, Rhapsody Of Fire, Ayreon, Avantasia, Angra, Primal Fear, Dr.
Sin, Hangar, ex-Iron Maiden e ex-Judas Priest. Como é trabalhar com
tantos músicos diferentes, com estilos tão distintos dentro do Metal e
metodologias de trabalho idem, fora a questão geográfica? O quanto cada
um se envolve no processo de criação?
Heleno: Sim. A
qualidade e quantidade do cast é um motivo de orgulho para todos nós.
Isso mostra o reconhecimento que o projeto vem galgando ao longo desses
11 anos de vida. Todos são livres para criar, no entanto, a grande
maioria apenas executa as linhas que são criadas no período de
composições. Quem mais participa desse processo somos sempre Daísa
Munhoz, Tito Falaschi, Rodrigo Boechat, Leandro Erba, Thiago Amendola,
Cleiton Carvalho e eu. Os solos de guitarra são sempre integralmente
criados por cada guitarrista.
EC: Todo
o trabalho do Soulspell é envolto em uma história complexa. O que
podemos esperar do novo disco com relação ao conteúdo lírico?
Heleno:
Eu tento tomar sempre tanto cuidado com a história, artes e letras,
quanto tomo com as composições. Eu adoro o fato de o projeto ter
vertentes gráfica, literal e teatral que extrapolam o universo do som.
Também gosto mais do fato de lançar álbuns contínuos, que contem partes
de uma mesma história, como se fosse uma série de TV. Pretendo levar o
Soulspell dessa forma até o ato final, onde serão revelados todos os
segredos da saga. Nesse ato a história conta o momento quando um
brilhante cientista implanta algoritmos próprios nos supercomputadores
da maior agência espacial do planeta e acaba descobrindo que o universo
está com os dias contados por causa de um super buraco negro. Somente
Timo pode conseguir mudar esse destino, mesmo sem saber disso ainda...
EC: Talvez
a parte que mais chame a atenção em projetos como o Soulspell sejam os
vocalistas. Além de Blaze Bayley e Tim "Ripper" Owens, que participaram
do álbum anterior, Hollow's Gathering, temos nomes consagrados como
Fabio Lione, Timo Kotipelto, Ralf Scheepers, Arjen Lucassen e Oliver
Hartmann. Sei que para um compositor é difícil pensar em algo assim mas,
há alguma dessas participações que lhe impressionou mais?
Heleno:
Todos se superaram dessa vez. Ralf Scheepers me impressionou bastante,
mesmo eu já sabendo que ele faria um grande trabalho. No entanto, cada
vez mais, tenho certeza absoluta que a Daísa Munhoz é o maior vocalista
que já pisou na face da Terra, deixando mesmo meus grandes ídolos vocais
em segundo lugar.
EC: Além
das participações internacionais, não podemos deixar de citar os
vocalistas nacionais do projeto, que são bastante talentosos por sinal.
Vozes que já participaram de lançamentos anteriores, como Daísa Munhoz,
Pedro Campos, Victor Emeka e Jefferson Albert se juntam a Dani Nolden,
do Shadowside e Andre Matos, este último sempre mencionado pelos fãs
para uma participação no projeto. O que você pode nos dizer sobre essa
soma de tantos talentos nacionais?
Heleno: Os
vocalistas nacionais que participaram desse álbum são parte ativa na
banda que faz o Soulspell ao vivo atualmente. Portanto, conheço bastante
cada um deles e suas qualidades como pessoas e como vocalistas. Victor
Emeka é a maior revelação do Heavy Metal brasileiro nos últimos anos.
Ele cantou muito nesse álbum, realizando um trabalho muito superior ao
que ele fez no Hollow’s Gathering. Seus trechos aqui são de arrepiar. A
Dani, o Pedro e, principalmente, o Andre Matos já são vocalistas
consagrados, excelentes. Não há muito o que dizer sobre o que são
capazes de fazer dentro de um estúdio. E, novamente, a Daísa Munhoz não
tem limites. Espero que um dia acordemos num mundo onde o talento seja
mais importante que o nome.
EC: Você
sempre menciona o multi instrumentista holandês Arjen Lucassen como uma
de suas maiores influências. Em janeiro desse ano vocês lançaram um
tributo ao projeto Ayreon, capitaneado pelo músico, tocando o disco The
Theory Of Everything na íntegra, porém de uma maneira extremamente
ousada, com as músicas cantadas em português, além de um vídeo no
Youtube mostrando todos os cantores interpretando suas partes, bem como
atores convidados em vários trechos. Quando assisti o resultado final,
no dia do lançamento do vídeo eu fiquei muito impressionado com a
qualidade em todos os aspectos e, algo sempre me vinha à mente e agora
lhe pergunto: Como conseguiram dar conta de um trabalho tão difícil e
detalhado para este tributo, paralelamente aos trabalhos com o disco?
Heleno:
Foi insano. Foram 2 anos de trabalho só nesse tributo, em paralelo ao
álbum e aos meus trabalho fora da música. É algo para se fazer uma vez
na vida. Mas valeu a pena. É um trabalho do qual todos nos orgulhamos
muito. O Arjen deve estar orgulhoso. E, sim, eu poderia apontar seus
últimos 2 trabalhos como obra primas. The Theory of Everything e
01011001 são, simplesmente, geniais.
EC: Vocês
também participaram de um outro tributo anteriormente, desta vez ao
vocalista Edu Falaschi, com uma versão da música Spread Your Fire. Nela
participam Ralf Scheepers e Tim "Ripper" Owens e, foi incrível ver as
vozes de ambos em uma canção como esta. Como foi a participação no álbum
tributo ao Edu e escolha da música e participações especiais?
Heleno:
Eu sempre quis gravar essa música e esse tributo caiu como uma luva. A
escolha dos vocalistas foi bem natural. Eu sabia que eles iriam curtir
gravá-la, pois ambos adoram desafios. Dessa vez, resolvemos não
modificar muito a música, pois ela já é bastante complexa. Então,
simplesmente gravamos ela como ela é. Foi um processo bem prazeroso!
Grande música!
EC: Fechando
a parte de tributos, recentemente o vídeo da versão que vocês fizeram
para a música We Got The Right do Helloween atingiu a marca de 1 milhão
de visualizações no Youtube. Em vários comentários é notável a boa
impressão que os cantores causaram em espectadores de outros países, que
muitas vezes desconhecem os grandes músicos que temos no Brasil e
muitos elogiam principalmente a Daísa Munhoz por seu timbre e
interpretação únicos e o Victor Emeka que chegam a apontar similaridade
da sua voz com a do Michael Kiske. Como você vê toda essa repercussão?
Heleno:
Está sendo incrível. O vídeo se tornou viral, mesmo sem gastarmos
dinheiro com ele. Isso é o mais legal e mostra que o trabalho foi bem
feito. Também acho que Victor Emeka fez um trabalho brilhante e tem uma
grande similaridade vocal com o Kiske. Friamente falando, atualmente,
acho o Emeka até melhor que o Michael Kiske. Torço para que este vídeo
siga em sua jornada rumo a mais milhões de views e estou usando-o como
inspiração para novos vídeos de sucesso.
EC: Nos
dias de hoje o mercado musical apresenta diversas mudanças no que tange
a venda de discos e distribuição de música. A coisa se torna mais
complexa quando tratamos de um estilo musical como Metal e mais ainda no
caso do Metal nacional. Qual é a sua visão do cenário do Metal nacional
nos dias de hoje e como o Soulspell se coloca diante dele?
Heleno:
É simples. Eu não penso no mercado, pois não vivo disso e faço questão
que isso continue assim. Já fui abandonado por gravadoras e agências, e
não foi uma só, porque insisto em me manter fazendo as músicas que curto
fazer. Jamais vou mudar por causa de um ou de outro. A grande maioria
das bandas falam isso da boca pra fora, somente pra mídia ver, mas fazem
exatamente o que as gravadoras exigem para que seus trabalhos sejam
vendáveis. O Soulspell é um ponto totalmente fora da curva nesse
sentido. Eu faço música pensando única e exclusivamente em deixar minha
criatividade fluir, faço música para meus amigos, minha família,
possíveis futuros filhos e netos. Se mais alguém quiser curtir, ótimo,
são muito bem vindos.
EC: No
mês de junho o Soulspell se apresentará pela primeira vez no festival
Roça 'N Roll, onde fará o lançamento do álbum Act IV- The Second Big
Bang. O que podemos esperar para esta apresentação?
Heleno: Muitas músicas do novo álbum! :)
EC: Heleno, muito obrigado pela entrevista, por favor deixe uma mensagem para os leitores do Elegia e Canto.
Heleno:
Eu agradeço o convite e oportunidade. Aproveito para pedir aos seus
leitores que se inscrevam em nosso canal de Youtube e curtam nossa
página de Facebook. Há muitos vídeos novos chegando e vocês podem ter
acesso gratuito a tudo isso apenas acompanhando a banda. Muito obrigado e
bom segundo big bang a todos!
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