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01/06/2017

ENTREVISTA: Lothlöryen (Brasil)

Comemorando 15 anos de carreira em 2017

Da esq. para a dir: Leko Soares (guitarra), Tim Alan (guitarra), Leo Godde (teclados), Daniel Felipe (vocais), Marcelo Godde (baixo) e Marcelo Benelli (bateria)
 
A banda mineira Lothlöryen comemora 15 anos de carreira ininterrupta em 2017, e com isso mostra a sua importância no cenário underground nacional. A banda está confirmada para apresentar-se na 19° edição do festival Roça 'n' Roll em Varginha, iniciando uma turnê comemorativa de aniversário da banda. E para falar conosco um pouco sobre a presença no festival e alguns fatos importantes e curiosos desses anos na estrada, Leko Soares, guitarrista e um dos membros fundadores do Lothlöryen, concedeu uma entrevista para o Elegia e Canto, vamos conferir:

EC – Primeiramente gostaríamos de agradecer por terem aceitado realizar a entrevista para o Elegia e Canto. Gostaríamos também de parabenizá-los pelos 15 anos da banda e que vocês nos dissessem como surgiu a idéia de formar o Lothlöryen?
Leko: O Lothlöryen surgiu em Machado-MG como uma banda de amigos que queriam tocar covers de Heavy Metal e Metal Melódico. A ideia engrenou rapidamente e logo começamos a compor nossos próprios sons. Daí a gravarmos a primeira demo, em 2003, não demorou nem um ano e o restante foi acontecendo naturalmente.

EC – Sabemos que vocês tiraram o nome Lothlöryen do livro “O Senhor dos Anéis”, mas por que escolheram esse nome? Tem algum significado para vocês ou apenas gostaram de como soava?
Leko: Lothlórien é a floresta onde o tempo passa de uma maneira diferente, como em uma realidade paralela, dentro da Terra Média. Essa foi a ideia que sempre tivemos para o nosso som - queremos que as pessoas ao ouvir um álbum ou assistir algum de nossos shows, viva por algum tempo a nossa realidade paralela.

EC – Ao escutarmos a discografia do Lothlöryen, percebemos a construção de um som próprio e característico da banda, indo muito além dos padrões clássicos do power metal. Quais são suas principais influências musicais e como vocês classificariam o som do Lothlöryen?
Leko: Nossa intenção desde a demo de 2003, sempre foi a de experimentar em vários campos e buscar uma sonoridade própria. Em geral, somos uma banda eclética. Ouvimos desde Black Metal a Rock Sessentista ou música Pop atual. Somos constantemente moldados pelo que ouvimos e nossa dialética sonora passa pela ideia de mesclarmos novas influências à essência do som da banda e criar algo novo a partir daí.

EC – Em 2011 a banda lançou o single “When Madness Calls” (2011) e em seguida o álbum “Raving Souls Society’ (2012), o que resultou na “The Raving Souls Tour” (2012/2013), que além de uma extensa turnê no Brasil, proporcionou a primeira turnê européia da banda, passando pela Itália, Romênia, Bulgária, Hungria, Grécia e Macedônia. Podemos então dizer que esses lançamentos foram marcos na história do Lothlöryen. Vocês poderiam nos falar um pouco como foi a experiência da “The Raving Souls Tour”?
Leko: Com certeza a “The Raving Souls Tour” foi uma experiência única na carreira da banda pois fizemos uma média de 50 shows no Brasil mais 18 shows fora, o que nos tornou mais coesos e  experientes em cima do palco. Só guardo boas lembranças desse período e da repercussão que o álbum atingiu.

EC – Em 2014 a banda decidiu regravar seu terceiro álbum, “Some  Ways Back No More” (2008), resultando no clipe “Hobbit’s Song”, que é divertidíssimo. O que os motivou a regravar esse álbum?
Resultado de imagem para Lothlöryen leko soaresLeko: Desde o lançamento, em 2008, nós nos incomodávamos com a sonoridade meio “plastificada” da primeira versão. Em 2014, nossa gravadora à época, a Power Prog da Alemanha, nos incentivou a remixarmos e regravarmos os vocais com o novo vocalista, Daniel Felipe. O resultado do trabalho de 2014 é bem melhor em termos de produção que o álbum de 2008, mas o fato de não termos podido regravar totalmente o trabalho, limitou um pouco o nível de qualidade que poderíamos ter alcançado no trampo. Ainda assim, considero o “Some Ways” como um dos nossos melhores álbuns em termos de composições.

EC – Em 2016 a banda realizou uma série de dez shows na Rússia em divulgação do seu sexto álbum, “Principles of a Past Tomorrow” (2015). Como surgiu o convite para a realização de uma turnê pela Rússia? Como foram esses shows?
Leko: Na verdade, “realizaríamos” seria o termo correto e essa é uma longa história. Tudo começou com o lançamento do “Principles”, em 2015. Uma semana após o lançamento do álbum, nós detectamos cerca de 10 mil downloads  vindo de sites russos e chegamos a figurar nos charts de alguns deles na época, como o Metal Tracker que é o maior site de torrents de Metal do Mundo. Tudo isso nos colocou em contato com algumas agências por lá, o que possibilitou o agendamento de uma tour com um ano de antecedência. Faltando um mês e meio para a tour, tivemos a notícia que dois desses shows estavam praticamente ‘sold out’ e tudo ia muito bem até recebermos a notícia de que não haveria garantias de segurança em relação a uma das regiões em que tocaríamos dois dos shows (a Crimeia), pois devido à ocupação russa na região e a disputa com a Ucrânia, lá havia se tornado, diplomaticamente falando, uma “zona de ninguém”. Tentamos desmarcar especificamente os shows nessa região, mas isso não foi possível. Para completar, cerca de 15 dias antes da viagem, dois integrantes tiveram problemas pessoais graves e isso terminou por inviabilizar totalmente  a viagem naquele período. De qualquer forma, embora tenha sido uma situação altamente frustrante para a banda e tenhamos arcado com prejuízos consideráveis devido ao cancelamento da tour,  acreditamos que em um futuro breve, uma nova gig por lá possa ser remarcada, devido ao interesse que o público russo tem demonstrado em relação ao nosso trabalho.

EC – A banda se apresentou pela primeira vez no Festival Roça ‘n’ Roll em 2012. Agora, 5 anos depois, a banda regressa ao festival, iniciando a turnê comemorativa de 15 anos de carreira. Quais as expectativas de tocarem no Roça novamente? E poderiam nos falar mais sobre essa turnê comemorativa?
Leko: Na verdade, 2012 foi a última apresentação. O Lothlöryen é a banda que mais se apresentou no festival depois da anfitriã Tuatha de Danann. Estamos indo para o nosso Sexto Roça n’ Roll nesses 15 anos e podemos dizer que é um dos palcos onde nos sentimos mais à vontade. Acredito que essa volta depois de 5 anos será muito nostálgica, tendo em vista que será o primeiro show dessa tour comemorativa de 15 anos e por tudo que já vivemos nesse festival. Sobre a tour, estamos em processo de agendamento de shows e temos por volta de 6 datas negociadas até o fim do ano. A ideia é fazermos entre 10 a 15 shows entre junho e dezembro e então, iniciarmos o passo seguinte, que provavelmente, será a composição de um novo álbum.

EC – Como é chegar aos 15 anos de estrada com uma carreira consolidada na cena underground do país, conseguindo realizar inclusive turnês fora do Brasil? Quais vocês acham que são as maiores dificuldades para se manterem na ativa? E qual o papel da internet para uma banda independente?
Leko: Manter uma banda de Metal no Brasil é uma luta constante. Muitas bandas surgem na cena todos os dias, mas muitas outras acabam quando conseguem ter uma visão mais ampla da realidade da cena. Sobreviver no Underground é uma tarefa que requer perseverança e crença naquilo que você está fazendo. É um cenário em que muito poucas bandas conseguem ganhar alguma grana, de fato, e que, em geral, se você quiser aparecer, tem que investir grana. Portanto, é muito mais um exercício de sobrevivência do que uma trajetória de glamour. Porém, falando agora especificamente do Lothlöryen, olhando para trás, nesses 15 anos de histórias que construímos, eu diria que valeu cada esforço que tivemos e com certeza, faríamos tudo novamente. Sobre o papel da Internet, é bem simples: sem ela, a cena hoje não existiria. Eu sou 100% a favor dos downloads de nossas músicas e álbuns. As únicas coisas a que me oponho em relação a isso são: o compartilhamento de arquivos em baixa qualidade e a falta de feedback por parte dos que baixam o álbum gratuitamente. Se 10% dos mais de 30 mil que baixaram o “Principles” somente em 2015 tivessem compartilhado uma música ou um link para nossa fan Page ou tivessem feito um comentário positivo sobre a banda, com certeza, teríamos uma publicidade 10X maior do que a que temos hoje em dia, sobrevivendo com nossos próprios esforços.

EC – Antes de finalizarmos, agradecemos novamente pela entrevista ao Elegia e Canto. Vocês poderiam deixar uma mensagem para os nossos leitores?
Leko: Agradeço em nome da banda o espaço cedido pelo Elegia e Canto. É um espaço precioso e necessário para que bandas como a nossa consigam ter voz na cena e cheguem a novos ouvintes. Por fim, palmas para você que está lendo a entrevista em um veículo independente, pois sem a sua audiência, sites que dão suporte real às bandas underground vão, a cada dia, se tornando mais raros. É nóis! 




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