14/06/2007
POESIA: Oxímoros
por Non Omnis Moriar
longe o bastante para que eu não me encontre mais.
Onde eu possa preencher todo esse vazio...
Que não é totalmente vazio;
é vazio repleto de dor de alma doente
Alma que dói sendo inexistente ao existir em mim.
Preciso escapar de vez dessa vida maldita,
que de tão maldita acaba sendo divina
e de tão odiosa acaba plantando amor em meu espírito
que é espírito de nada, nada no sentido mais estrito
e mesquinho do eterno não-ser. Não preciso
viver errando sempre o mesmo erro feito idiota,
viver é um infinito erro estúpido - e eu vivo
amando a odiosa maldição divina de existir -
não existindo sem sentir a dor de minha alma
vazia de tão cheia que é de seu próprio vazio.
Preciso fugir e esquecer de mim mesmo,
mas eu nunca me encontrei... Como irei me perder?
Talvez se eu pudesse começar tudo novamente
retornando ao estado alfa de minhas lembranças,
e se eu expurgasse essa ânsia paradoxal de sentimentos
me entregando ao estado primitivamente nihil
de tudo que existe dentro do nada que sou...
Se eu pudesse... Eu conseguiria escapar finalmente!
Eu deixaria de existir. Eu nunca teria existido...
Mas será que eu existi algum dia?