12/06/2007
POESIA: Torpor
por Lviz Pherreira
Mergulhado num maciço nevoeiro
De mais um eco de minha memoria faminta,
Demoro, atordoado e sem choro.
Rodeado pelo meu próprio requintado bafo poluído,
Deixo escorrer timido para o chão imundo
O vinho de mais uma taça imoralmente servida
Sob esse amargo olhar de mágoa desdita…
(…fumo?)
Olho o ingénuo com pernas deformadas que se me aproxima,
Vulto d'um agonizante sorriso sofrido,
Esbatido numa expressão de porcelana rosada.
Sussurra murmúrios que fogem ao ouvido
Empoeirado, ignoro satisfeito
Deixando-me envolver pelo cheiro a queimado.
"Vem das tuas asas" diz ele, agora em tom claro…
Acena-me um leve gesto incerto, magoado.
Deixo-me entorpecer pelo odor carbonizado
E ignoro a dor sentida
Dentro desta carcaça com vida,
Comodamente enfraquecida.