22/06/2012

Entrevista: Enchained Souls (Argentina)



Nos do Elegia e Canto temos o prazer de entrevistar a banda de Gothic Metal Enchained Souls, da Argentina, formada no ano de 2004, na cidade de Bahia Blanca. Para responder nossas perguntas, teremos aqui o fundador, guitarrista, vocalista e letrista da banda, Pablo Costamagna.

EC: Quando surgiu a idéia de montar a banda Enchained Souls, e o nome da banda?
Pablo: Enchained Souls (Almas Encadeadas) surgiu depois da ruptura de uma ex - banda que eu tinha com o antigo baterista da ES. Depois do fim da banda, nós decidimos montar uma nova e chamamos a Carolina Villamayor para ser a vocalista, que por sua vez já tinha contato musical com a gente anteriormente. O nome da banda foi dado pela Carolina, e o então tecladista da banda, e seu significado gira em torno da comunhão e união dos integrantes do grupo em torno de um sonho comum, a música, a qual é expressado pela introdução do disco “Tears of Silence”.

EC: Sabemos que vocês foram os pioneiros do estilo na cidade de Bahia Blanca... houve muitas dificuldades de ensaios, de equipamentos?
Pablo: A banda passou por 3 momentos marcantes em sua evolução na cidade de Bahía Blanca. O primeiro caso foi muito bem recebida pelo público em geral. Era a primeira vez que havia uma banda de gothic metal na cidade, e chamou a atenção de muitos. Enchained Souls soube ganhar um bom lugar dentro da cidade. Logo a banda decidiu se afastar do circuito local onde se apresentavam as bandas de Bahía Blanca devido à falta de equipamento e preparação dos mesmos, e começou a se apresentar em teatros como única banda. Isso levou uma parte do público a se afastar, mas proporcionou a banda a possibilidade uma qualidade melhor de som, o qual levou a somar um novo público, ais exigentes.
O equipamento para ensaios e shows ao vivo sempre é o tema fundamental para toda banda que quer realizar algo sério e com bom nível em sua carreira, e os membros atuais da banda tem sido os que melhores responderam a essa necessidade de equipamento, por tomá-lo como compromisso para o público que consome sua arte.

EC: Quais lugares onde mais tocavam no começo? 
Pablo:O primeiro show da banda foi em um pub da cidade de Bahía Blanca, no fim de 2004. A banda se apresentou sozinha, fazendo mais de 1h30 de show, marcando assim o futuro de sua permanência na cidade. Shows longos e com som muito trabalhado.

EC: Quando vocês iniciaram o projeto da banda, em quais cantores e bandas vocês se inspiraram?
Pablo: Cada integrante tem uma história musical pessoal, da qual nunca poderá se separar, e isto, querendo ou não, marca o estilo de execução do instrumento, assim como também a composição.
A banda surgiu como projeto de gothic metal, mas com o tempo evoluiu com tons de black metal e de death melodico. Não gostamos de falar sobre influências, porque a banda sempre tentou buscar seu próprio caminho musical, mas quem marcou o caminho da banda foram After Forever, Tristania, Dimmu Borgir, Cradle of Filth e Children of Bodom. Um ouvinte atento pode encontrar nos discos de Enchaiend Souls uma somatória destes grupos e seus diferentes estilos que somados as características pessoais dos integrantes das bandas, resultam na peculiar sonoridade de Enchained Souls. 

EC: Sempre cantaram canções de autoria própria, ou já fizeram cover?
Pablo: Nunca fomos muito adeptos de fazer cover. Sempre fomos a favor de compor nossas próprias canções, pois nelas reside a alma da banda. ES não é só um grupo de pessoas que tocam música, mas sim um grupo que coloca em sua música a sua arte, sua visão de certas questões e suas líricas, e um desabafo determinado, tanto nelas quanto em sua música. É impossível expressar algo mediante um cover, por isso a banda sempre evitou isso como modalidade principal. Ainda sim, o público tem se mostrado contente quando escuta uma canção coerente ao gênero interpretado ao vivo, chegamos a fazer covers de Cradle of Filth, After Forever e até Dimmu Borgir. 

EC: Vocês tiveram  alguma resistência do público argentino, ou tiveram uma aceitação rápida?
Pablo: A banda teve uma boa aceitação desde o início, tanto na Argentina como no resto do mundo, principalmente na América Latina. Acreditamos que isto se deve a falta de bandas com compromisso e sonoridade que se aproxime da qualidade profissional das bandas Europeias, que marcaram o gênero, porém, ainda mais, pelo fato de toda a lírica de ES estar num idioma espanhol ou castelhano. A maioria das bandas góticas existentes canta em inglês, devido a tradição parece que isto marcou o estilo, porém ES decidiu fazer um esforço pessoal em suas letras para poder fazer uma bela poesia do idioma espanhol, o qual foi muito bem recebido pelo público latino.

EC: Vocês já se apresentaram fora da Argentina? Tem algum projeto de shows internacionais ns planos de vocês pra 2012?
Pablo: Não saímos da Argentina até o momento. Em 2011 a banda esteve a ponto de concretizar uma turnê por quase toda a América Latina com a ajuda do empresário da banda El Cuervo de Poe, mas por complicações de um dos membros da banda não pode se concretizar. Em setembro deste ano estaremos cruzando as fronteiras até o Brasil, caso se concretize, a banda estaria estaria tendo sua primeira apresentação internacional.

EC: Sobre as músicas da Enchained Souls... a temática das letras gira em torno de tristeza, escuridão, morte... seria uma crítica poética sobre a sociedade?
Pablo: Grande parte dos temas das letras da banda gira em torno da solidão, a nostalgia, a melancolia, a tristeza, o desencontro amoroso, o desamparo e outras questões ligadas à vida pessoal de quase qualquer pessoa, com o qual não são mais do que um espelho do sentimento interior dos compositores. A partir do álbum “In Memorian” pode-se encontrar letras com estas exteriorizações, que denotam não somente sentimentos internos, como também denúncias para outros. Em alguns casos em torno das relações amorosas, outras vezes relações interpessoais em geral, até chegar as questões sociais e até políticas. Nestas letras podem se encontrar facilmente o protesto e a evidência de certas questões que não deixam de refletir a própria subjetividade dos autores, porém a respeito do mundo que os rodeia.

EC: Depois da primeira demo, vocês lançaram a Tears of Silence, e outros álbuns... Neste último álbum, intitulado In Memoriam, vocês perceberam o quanto a banda cresceu? Como é ser reconhecido e ter fãs fora de seu país?
Pablo: Certamente, a banda cresceu, melhorado, aprendido, evoluído muito ao longo dos seus anos de vida. Pode-se ver este resultado claramente neste último disco “In Memoriam”, o qual é a nossa forma de ver, o melhor disto é que a banda soube produzir. Felizmente muitas pessoas ao redor do mundo soube reconhecer todo o esforço que temos tido ao longo de nossa carreira. Assim como também apreciar nossa música como peças artísticas em si mesmas. Este reconhecimento é a maior alegria que um artista pode ter. Definitivamente não há nada mais lindo para alma que, não somente compor e criar sua própria arte se não que o público aceite esta arte desta maneira, e além de tudo retribua com boas críticas. 

EC: Sobre o DVD "Suspiro Intraural", quando foi que decidiram gravá-lo, qual foi a expectativa sobre este projeto e se ele atingiu os objetivos e expectativas da banda...
Pablo: Suspiro Intraural que somente buscava a divulgação do que era a banda ao vivo. Com um som “cru” e uma mesa de mixagem e uma única câmera, pretendia mostrar o potencial da banda sem nenhum tipo de “retoque”. Felizmente foi muito bem recebido e nos fez tomar a iniciativa para realizar um DVD com várias câmeras e com várias faixas de áudio, o qual realizaremos futuramente.

EC: Vocês já abriram show para outras bandas reconhecidas internacionalmente, como por exemplo a Tristania, Anathema, da Inglaterra e em julho estarão tocando no show do Leaves' Eyes... como é para vocês estar ao lado de bandas como essas? É importante pra vocês como ganho de experiência?
Pablo: Abrir show para bandas internacionais é um tópico específico. Neste país as bandas under são normalmente negligenciadas e ate menosprezadas por grande parte dos organizadores de eventos. Você pode acessar e tocar com bandas internacionais, se tiver poder econômico,  não é realmente um mérito obtido, mas sim uma passo para divulgar sua banda. Sabemos que em outros países as bandas suporte não tem que pagar para se apresentar, e até em alguns países são selecionadas. Argentina não é o caso. Ainda assim, pode alcançar um público que de outra maneira não conseguiria, o que significa sempre uma grande repercução depois do show, o que resulta em novos seguidores e uma grande chuva de comentários positivos que sempre renovam o espírito e a alegria da banda. 

EC: Pablo, foi uma grande honra ter esta entrevista exclusiva com um grande músico e profissional como você. Agradecemos muito por ter respondido a nossas perguntas. Para finalizar, deixe um recado aos fãs do Enchained Souls, e que agora estão lendo esta entrevista!
Pablo: É um prazer que haja pessoas que se interessem nas questões de raiz que fazem uma banda Under ou em crescimento, e que sabem ver e fazer da música verdadeira arte e não só um simples entretenimento. Assim também é um prazer que haja pessoas lendo esta última resposta, que significa que leu e se interessou em todas as perguntas anteriores! A todos eles e a todos vocês obrigado pelo apoio e interesse e esperamos encontra-los no Brasil. 

entrevista original (espanhol) clique aqui

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