05/10/2017

ENTREVISTA: Hicsos (Brasil)

E entrevista dessa semana é com a banda que é referência no Thrash Metal carioca, que está completando 27 anos, e que será uma das atrações do Viçosa Metal Fest (que acontecerá no próximo dia 7 de outubro em Viçosa-MG), Hicsos.

Da esq. para dir.: Marcelo Ledd (Bateria), Marco Anvito (Vocal e baixo), Alexandre Carreiro (Guitarra), Celso Rossatto (Guitarra)

EC: Primeiramente gostaria de agradecer por terem aceitado realizar a entrevista para o Elegia e  Canto e também parabenizá-los, pois esse ano a banda completa 27 anos. Quais as mudanças que  perceberam na cena underground e na banda durante esse tempo?
Anvito: Obrigado, sou o fundador do Hicsos e acho que a banda só sofreu mudanças de formação, principalmente de segundo guitarrista, mas nunca mudamos de estilo ou paramos.  Já a cena underground, com o advento da internet, teve grandes mudanças principalmente no que diz respeito a divulgação e gravação de CD.  Hoje divulgar uma banda e gravar um CD ficou algo muito fácil. 

Marcelo Ledd: Bem eu entrei em 1997, mas acompanho a banda desde o início e  o que mais eu vi foi banda boa parando por vários  motivos, mas também vi muita gente aparecer e no primeiro obstáculo parar, isso é uma parada que não aconteceu com o Hicsos, nós tivemos inúmeras formações com muitas trocas de guitarrista, porém nunca deixamos de estar na ativa, gravando, tocando e participando do cenário metal underground.

EC: O nome da banda, Hicsos, veio do povo que invadiu e conquistou o Egito através do combate e da violência. Suas letras falam sobre o que acontece na sociedade,  vocês  acreditam que é uma forma de expor a violência que acontece nos nossos dias?


Marcelo Ledd: O nome foi escolhido na época exatamente pela violência do povo Hicsos e casava bem com o som, além de ser um nome que se pronuncia igual em qualquer língua. Com o passar do tempo foi sendo descoberto muito mais coisas sobre esse povo , inclusive que eles são o que na bíblia chamam de povo Hebreu. Nossas letras são muito abrangentes, falam sobre a sociedade, o cotidiano, a alienação religiosa  seja ela qual for e toda a violência do povo Hicsos termina sendo uma forma do que vivemos hoje com certeza , inclusive no oriente médio onde os povos descendem deles .

EC: Vocês fizeram sua primeira apresentação na década de 90, tocando musicas de autoria própria. Uma delas, inclusive, foi regravada no CD "Technologic Pain", de 2007, e é tocada até hoje nas apresentações, "Cry of Souls". Como foi (e ainda é) pra vocês a recepção do público, visto que ainda existem aqueles que não valorizam o trabalho autoral das bandas, sejam das antigas ou das que estão iniciando?
Marcelo Ledd: Cara, isso é foda. Nós começamos em 1990 já com musicas próprias e claro que no meio tocávamos um ou dois covers o que sempre foi normal com qualquer banda, inclusive ainda tocamos musicas dessa época como Suicide Illusion por exemplo, e tem uma galera das antigas que curte exatamente as bandas tocarem seu som, hoje em dia é muito fácil gravar e lançar algum trabalho,mas as bandas tem que ter uma preocupação com esse trabalho, tentar ser o mais profissional possível , dentro de suas possibilidades, porém tem banda que confunde profissionalismo com arrogância, o cara chega agora e já se acha o rei da cocada, isso atrapalha também. Tem produtor que não quer ter custo com bandas que fazem seu próprio som ,mas pagam até passagem aérea pra banda cover. Isso enfraquece a cena autoral com certeza. Veja bem, não acho que as bandas cover não tenham que existir, até porque tem  banda autoral que mal chegou e quer cachê e mordomia sem ter ralado e divulgado seu nome, acho que as coisas acontecem com muito trabalho e divulgação, isso vai trazendo respeito ao seu trabalho e ao seu nome como banda autoral e boas composições e boas apresentações também influenciam nesse resultado com certeza.

EC: Todo mundo têm aquelas bandas que marcaram suas vidas e que os inspiram. O Hicsos, com 27 anos de estrada, certamente foram e ainda são referência para muitas pessoas. Como vocês vêem isso: não somente a atenção dos fãs durante esses anos, mas também de outras bandas?
Foto: divulgação
Marcelo Ledd: Ah, isso é o melhor pagamento que se pode receber, como eu disse, tem que se ter profissionalismo, mas sem arrogância. Também temos nossas bandas do coração e temos fãs que se tornaram amigos e tem suas bandas, temos fãs que já estão coroas que nem a gente, mas tem muito garoto que esta curtindo a banda e isso esta no nosso DVD que será lançado, são mundos muito distantes, os caras old school e a nova geração com seus celulares e coisas tecnológicas rsrsrs é muito gratificante receber um novo fã, seja ele de banda ou não ,queremos esse pessoal todo por perto sempre.

EC: Desde a primeira demo, as músicas da banda foram cantadas em inglês, porém em 2007 lançaram "Pátria Amada" cantada em português. Qual foi a reação do público para essa música? Vocês pretendem fazer mais canções em português?
Marcelo Ledd: Cara, nós esperávamos ter problemas com a policia por causa da letra, o que quase ocorreu. O público e a crítica adotaram essa musica de imediato, e a musica virou um clássico nosso e os fãs cantam o refrão junto com a gente em todo show,  eu não imaginava que essa musica iria estar tão atual nos dias de hoje, é o novo hino nacional brasileiro rsrsrs  tem uma nova letra em português que eu fiz na época do “Circle of Violence” que dei uma atualizada e vamos colocar no próximo álbum .

EC: Os CDs "Technologic Pain", de 2007, e "Eatin' Concrete", de 2004, foram produzidos pelo Pompeu e Heros Trench (Korzus), que também participaram do CD. Como foi trabalhar com esses dois músicos, conhecidos de anos no meio musical?
Marcelo Ledd: O “Circle of Violence “ também teve essa dupla na produção rs. Cara eu conheço esses caras a muito tempo, desde os anos 80 e a qualidade que eles trazem para o nosso trabalho é uma mistura disso, amizade com profissionalismo. É sempre muito bom trabalhar ao lado de amigos e quando esses amigos são profissionais hiper competentes, ai fica melhor ainda, uma grande honra pra gente.

EC: A banda já realizou turnês pelo Brasil, inclusive abrindo shows para bandas internacionais, também fizeram uma turnê pela Europa. Vocês  poderiam dizer como foi e é tocar para públicos tão distintos em diferentes lugares do mundo?
Marcelo Ledd: Cara, é sempre o mesmo tesão, o público na Alemanha parece um pouco com o público do Brasil  e abrir esses  shows numa época que era mais na raça e  foi uma grande escola pra gente, porque não tinha papo de empresário ou jabá, éramos nós e nosso som,  foi importante estar ali nessa época e aprender de perto com os gringos  além de que, todas as bandas que nós tocamos serem bandas que também somos fãs desde moleques e ainda mantemos contato com algumas delas. D.R.I, Anthrax, Mercyful Fate, Destruction, Obituary, Dying Fetus, Napalm Death e principalmente o Exodus com o Ballof no vocal marcaram nossas vidas musicais.

EC: Recentemente algumas bandas se reuniram e organizaram o próprio fest no Rio de Janeiro, algumas estão até mesmo produzindo os próprios shows. O que vocês acham disso?
Marcelo Ledd:  Ah isso é maravilhoso, nos anos 80 e 90 as bandas sempre organizavam seus shows, se o público apoiar isso, pode virar um lance foda que vai levantar a cena de verdade.

Rossatto: Acho isso muito positivo, pois isso acontece a décadas lá fora, é só acompanhar a biografia das grandes bandas, antes de chegarem onde estão, eles trabalharam duro para crescer . Não tem como fugir disso, mas é o amor pelo  que fazemos que nos move, o sonho é o mesmo e nada melhor do que construir esse sonho nos unindo, uma banda dando suporte a outra, até mesmo organizando os próprios shows.

Banner Divulgação:Viçosa Metal Fest
EC: O Hicsos irá se apresentar pela primeira vez no festival "Viçosa Metal Fest", que  acontece na cidade de Viçosa, interior de MG, em outubro deste ano. Quais as perspectivas de tocarem em um festival tão tradicional daquela região e que volta a acontecer três anos depois da sua última edição?
Marcelo Ledd: Estamos na pilha pra esse show, já tocamos em BH, Varginha, Juiz de Fora, mas quanto mais lugares pudermos levar nossa violência musical, melhor. Esperamos um ótimo público e com muita agitação, porque em Minas sempre tem essa parada de o público ser bem agitado. Quanto a estarmos nessa volta do VMF é uma honra e agradeceremos dando o nosso melhor pra rapaziada de Viçosa. Esperamos ver um alucinado moshpit.

Rossatto: Não vejo a hora de poder pisar no palco e sentir a energia que virá da galera, só vai fazer o Hicsos querer destruir tudo rs. Sempre me disseram que o público de Minas é um dos melhores do Brasil, quero voltar para casa e dizer a mesma coisa para os meus amigos... E tenho certeza que o evento será FODA!

EC: Novamente gostaria de agradecer por terem aceitado realizar a entrevista para o Elegia e Canto. Vocês poderiam deixar uma mensagem para os nossos leitores e os fãs do Hicsos?
Marcelo Ledd: Obrigado pelo suporte, é sempre bom espaços como esse divulgando as bandas nacionais pra criarmos uma cena forte. Compareçam aos shows das bandas brasileiras para fortalecermos nosso metal, isso não significa que iremos deixar as bandas gringas de lado, apenas equilibrar as coisas, esperamos todos no VMF.

Rossatto: O Hicsos pode ir tocar nos eventos, mas quem sempre faz o show são vocês,  os fãs, que sem vocês não existiríamos, e todos os amigos e irmãos que conquistamos em todos esses anos,.. Viçosa Metal Fest, é a vez de vocês entrarem para o círculo de violência do Thrash Metal do Hicsos! 

Anvito: Nós é que agradecemos a força na divulgação.  Estamos super ansiosos por esse evento.  Queremos ver os mineiros se acabando no moshpit.  Vai ser sensacional fazer parte desse evento. Visitem nosso site (www.hicsos.com.br), nossa página do Facebook (facebook.com/hicsosofficial ) e compareçam ao show.  
Valeu demais galera.


Confira o teaser do DVD em comemoração aos 26 anos

Pátria Amada

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